domingo, dezembro 05, 2004
Igreja quer mais empenho dos católicos na defesa do sexo seguro
"Em vez de contrariar os comportamentos, tenta-se eliminar as suas consequências", sublinhou, lamentando que os organismos de prevenção da Sida falem pouco em abstinência sexual, monogamia ou fidelidade, preferindo ignorar a "prostituição dos valores" em que as relações humanos hoje vivem.
Sem comentários... só imagens da campanha dos Catholics for a Free Choice, contrariando a linha dura do Vaticano/Fátima.
Agência Lusa 3.12.04
O presidente da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde defendeu hoje mais empenho das organizações católicas na defesa do sexo seguro como forma de prevenir a Sida, evitando a sua "confusão" com o uso do preservativo.
Falando durante o 18/o Encontro Nacional da Pastoral da Saúde, que terminou hoje em Fátima, o padre Feytor Pinto criticou o facto da sociedade "confundir o sexo seguro com o uso do preservativo", reconhecendo que esta situação também se deve à falta de acção da Igreja.
"A Igreja não está suficientemente atenta ao problema da sexualidade e afectividade humana", admitiu, considerando que ainda existe algum "desconforto" de sectores católicos em abordar estas temáticas.
Esta situação levou a que os principais actores da luta contra a Sida sejam ONG's que defendem o uso do preservativo como única forma de evitar a propagação da doença. Para o padre Feytor Pinto, o preservativo "não é uma panaceia" mas apenas um "meio" nos casos em que um dos parceiros está infectado com o vírus da Sida.
"O drama é que quando as pessoas ouvem falar em sexo seguro pensam apenas na protecção exterior, com o uso do preservativo" e preferem "ignorar a necessidade de mudança dos comportamentos", afirmou o padre Feytor Pinto.
"Em vez de contrariar os comportamentos, tenta-se eliminar as suas consequências", sublinhou, lamentando que os organismos de prevenção da Sida falem pouco em abstinência sexual, monogamia ou fidelidade, preferindo ignorar a "prostituição dos valores" em que as relações humanos hoje vivem.
Para tentar contrariar esta situação, o padre Feytor Pinto defende um maior empenho das estruturas católicas da prevenção da doença e apoio às vítimas da Sida, aproveitando a abertura manifestada pelo Estado à participação da sociedade civil em algumas valências da Saúde.
O presidente da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde defendeu também o reforço da educação para a saúde na catequese, para "prevenir problemas futuros".
Questões como a alimentação, higiene ou comportamento seguros devem ser abordados pelos catequistas junto das crianças, defendeu o padre Vítor Feytor Pinto, no final do 18/o Encontro Nacional da Pastoral da Saúde. No caso dos adolescentes, o sacerdote defende que os animadores de jovens e catequistas dêem formação na "educação para a sexualidade humana", procurando ultrapassar o estigma destas temáticas.
Nas conclusões do encontro, que reuniu cerca de 800 participantes, foi ainda anunciada a realização de um Congresso Nacional da Pastoral da Saúde em Novembro de 2006, pelo que o próximo ano será dedicado à preparação desta reunião magna dos católicos que lidam com este tema.