sábado, dezembro 02, 2006

Novo plano para baixar em 25 por cento a mortalidade da sida

Público 02.12.06

Reduzir em 25 por cento o número de novos casos de infecção e de mortes por sida é a grande meta a que se propõe o novo programa nacional de luta contra a doença. Nos próximos quatro anos, é assumido o compromisso de generalizar o teste voluntário na rotina dos serviços de saúde.

A diminuição em 25 por cento do número de casos de sida tem a realidade actual como termo de comparação, que, embora reconhecidamente subestimada, apresenta uma incidência de infecção de 251 casos por milhão de habitante e mil mortes por ano causadas pela sida. Em média, morrem três pessoas por dia com a doença.

A meta dos 25 por cento "é o mínimo que temos de fazer", afirmou ontem Henrique de Barros, responsável pela Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida, durante a apresentação pública do programa, em Lisboa. O programa nacional de prevenção e controlo da infecção VIH/sida 2007-2010 está em consulta pública até 31 de Janeiro e terá a sua versão final em Março do próximo ano, acompanhado de um plano de acção. Este é o terceiro plano governamental de combate à doença; o anterior (que ainda será avaliado oficialmente) não conseguiu cumprir a maioria das metas a que se propôs, tal como noticiou ontem o PÚBLICO.

A detecção precoce da infecção é um dos objectivos que constam do programa. Será concretizado através da generalização do teste voluntário na rotina dos serviços públicos e privados de saúde. "Sempre que as pessoas entram em contacto com profissionais de saúde [estes] têm que lhe propor se não querem fazer o teste", explicou Henrique de Barros, durante a sessão marcada para assinalar o Dia Mundial de Luta contra a Sida. O responsável defendeu que a pergunta do profissional de saúde sobre o teste à sida deve ser semelhante à que é feita com outros exames como a mamografia ou ao colesterol.

No caso de resultado positivo num primeiro exame, o programa quer garantir que as pessoas são consultadas num serviço hospitalar "não mais de uma semana" depois, lê-se no documento que propõe ainda avaliar o interesse de consultas externas de imunodeficiência sem necessidade de marcação prévia. O sistema de notificação da doença também será alterado, alargando-se dos médicos aos laboratórios clínicos e farmacêuticos.

Outro dos pilares da prevenção da doença assenta num maior investimento direccionado para populações vulneráveis como os consumidores de drogas injectáveis e os reclusos através dos programas de troca de seringas. Para Henrique de Barros, a estratégia da prevenção e do diagnóstico precoce é compensadora: "Esta política vai aumentar o número de pessoas em tratamento e os custos com os tratamentos, mas vamos estar a poupar dinheiro no futuro. É uma conta simples de fazer".

Na área da terapêutica, o programa propõe que as várias instituições representantes de doentes, médicos, farmacêuticos e enfermeiros e de outros técnicos produzam recomendações para o tratamento integrado da infecção HIV/sida.

No retrato da situação da epidemia em Portugal feito pela Coordenação Nacional para o HIV/Sida, é assumido que o número de mortes pela doença estabilizou, contrariamente à tendência verificada noutros países desenvolvidos. Henrique Barros lembra que o problema da sida não é só uma questão de saúde, mas também social: "Há gente que chega tarde aos hospitais, que tem medo de dizer que tem sida, que tem medo de perder o emprego, os amigos".
(...)

Comments: Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Enter your email address below to subscribe to Blog do GAT!


powered by Bloglet