quinta-feira, setembro 08, 2005

Reportagem na TVI sobre Tipranavir


Milagre de Ourique. Domingos Sequeira, óleo sobre tela, 1793.

Já publicámos aqui muito sobre o escândalo do acesso ao tipranavir em Portugal.

A farmacêutica Boehringer-Ingelheim foi o primeiro obstáculo, querendo cobrar 26 euros, por dia, por doente, pelo tipranavir (TPV) antes da entrada no mercado português e a aprovação pelo INFARMED.

Depois de muitas negociações com o GAT, em Abril, a Boehringer aceitou ceder gratuitamente o tipranavir aos hospitais portugueses, até ao fim deste ano.

Entretanto o TPV já foi aprovado pela FDA nos E.U.A. e alguns hospitais portugueses começaram aceitar a oferta da Boehringer mas, incrivelmente, a maioria dos hospitais do nosso país estava-se nas tintas dos seus doentes e simplesmente recusou fazer as encomendas.

O caso mais flagrante foi o do Hospital Santa Maria, o hospital com mais seropositivos do país, onde o Conselho da Administração decidiu, contra as recomendações da equipa médica para distribuir o medicamento salva-vidas e , sem dúvida, por medo das repercussões futuras no orçamento do hospital, rejeitar linearmente a oferta da Boehringer.

Graças à coragem de um paciente do HSM, que não teve medo ir à imprensa para denunciar este caso (ver a reportagem amanhã no jornal da noite da TVI), hoje, o HSM fez saber que, finalmente, vai encomendar o medicamento.

Será preciso denunciarmos caso a caso (por exemplo o hospital de Coimbra do ex-coordenador da Comissão Nacional, Prof. Meliço-Silvestre) para assegurarmos o acesso efectivo e em tempo útil ao Tipranavir por todos quantos dele necessitam?!


TVI 08.09.05

Doentes estão há nove meses sem medicamento

O fármaco representa uma esperança para os doentes mais graves, nos quais já não actua nenhum medicamento antigo.

Há dezenas de doentes com sida há nove meses à espera de um novo medicamento para controlar a doença, que alguns hospitais portugueses estão a utilizar, mas outros não. O pior é que o fármaco representa uma esperança para os doentes mais graves, nos quais já não actua devidamente nenhum medicamento antigo.

Nuno Mendes sofre de Sida e de Hepatite C e as duas doenças estão descontroladas, porque o seu organismo já quase não reage aos medicamentos existentes. Há nove meses, recebeu uma chamada da sua médica, a dizer-lhe que, finalmente, apareceu um medicamento que poderá prolongar-lhe a vida e evitar o pior, mas nesse dia Nuno Mendes entrou num segundo pesadelo.

Nuno Mendes não é caso único. No Hospital de Santa Maria há cerca de dez doentes graves a quem os médicos receitaram o novo fármaco, mas ele nunca foi encomendado. E passa-se o mesmo noutros hospitais do país. O medicamento em causa já foi autorizado nos Estados Unidos, mas ainda aguarda aprovação definitiva na Europa. Só que, no caso dos doentes mais graves, desde que os médicos os receitem, os novos medicamentos podem ser utilizados antes, para evitar que cheguem tarde demais.

O laboratório produtor, de início, queria cobrar cerca de 30 euros diários por doente, preço previsível do tratamento quando o fármaco estiver autorizado. Mas, desde Abril que o fabricante se dispôs a ceder o fármaco gratuitamente, até ao fim do ano, altura em que se espera já haja uma aprovação definitiva. Mesmo assim, o hospital não fez qualquer encomenda e pelo meio mudou de administração. Quando a TVI procurou os novos responsáveis para saber porquê, recebeu a notícia de que o medicamento vai finalmente ser encomendado.

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