quarta-feira, janeiro 05, 2005
Especialista volta a criticar estudo sobre tratamento anti-sida
Público 05.01.05
Um ensaio clínico de um medicamento contra a sida, no Uganda, voltou ontem a ser criticado por alegadamente estar mais interessado na promoção do remédio do que na saúde dos pacientes. O estudo foi "conduzido de modo tão precário, que os seus dados deveriam ser considerados inválidos em termos legais, políticos e de saúde pública", considera Jonathan Fishbein, um especialista contratado para corrigir os erros do estudo, mas que está agora em processo de despedimento.
Fishbein deveria ser ouvido ontem à tarde (noite em Lisboa), perante a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, na sequência de notícias, em Dezembro, de que o estudo, publicado há cinco anos, continha falhas que foram negligenciadas.
O ensaio envolve a utilização de nevirapina, uma substância aprovada nos EUA desde 1996, para ser utilizada em conjunto com outros medicamentos contra a sida. No estudo do Uganda, conduzido entre 1997 e 1999, a nevirapina foi administrada a mulheres na hora do parto e aos recém-nascidos. Os resultados indicavam uma redução substancial na transmissão do HIV de mãe para filho.
O estudo, porém, continha diversas falhas no registo dos dados e não contabilizou uma série de reacções adversas ocorridas durante o tratamento, incluindo a morte de uma paciente, com problemas no fígado. Os testes foram suspensos em 2002 e toda a sua metodologia revista.
Fishbein acusa responsáveis dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), que conduziram o estudo, de terem ignorado, na altura, os problemas. Eles estavam "de tal forma envolvidos pelos resultados do ensaio", que não eram capazes de ser objectivos.
Os NIH, porém, refutam as acusações, dizendo que a substância nevirapina pode evitar, de forma barata, a transmissão do vírus HIV a milhares de crianças em África. Quando a polémica chegou às páginas dos jornais, no mês passado, ouviram-se inúmeras reacções em prol da utilização da nevirapina, sugerindo, inclusive, que alguns efeitos colaterais são comuns a outras drogas anti-sida. Ainda antes, a própria Organização Mundial de Saúde defendera o uso da substância.
Fishbein diz que foi despedido dos NIH por retaliação e está a contestar legalmente a decisão. Os institutos sustentam que a demissão tem a ver com a fraca performance do especialista para a tarefa que foi contratado.
Um ensaio clínico de um medicamento contra a sida, no Uganda, voltou ontem a ser criticado por alegadamente estar mais interessado na promoção do remédio do que na saúde dos pacientes. O estudo foi "conduzido de modo tão precário, que os seus dados deveriam ser considerados inválidos em termos legais, políticos e de saúde pública", considera Jonathan Fishbein, um especialista contratado para corrigir os erros do estudo, mas que está agora em processo de despedimento.
Fishbein deveria ser ouvido ontem à tarde (noite em Lisboa), perante a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, na sequência de notícias, em Dezembro, de que o estudo, publicado há cinco anos, continha falhas que foram negligenciadas.
O ensaio envolve a utilização de nevirapina, uma substância aprovada nos EUA desde 1996, para ser utilizada em conjunto com outros medicamentos contra a sida. No estudo do Uganda, conduzido entre 1997 e 1999, a nevirapina foi administrada a mulheres na hora do parto e aos recém-nascidos. Os resultados indicavam uma redução substancial na transmissão do HIV de mãe para filho.
O estudo, porém, continha diversas falhas no registo dos dados e não contabilizou uma série de reacções adversas ocorridas durante o tratamento, incluindo a morte de uma paciente, com problemas no fígado. Os testes foram suspensos em 2002 e toda a sua metodologia revista.
Fishbein acusa responsáveis dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), que conduziram o estudo, de terem ignorado, na altura, os problemas. Eles estavam "de tal forma envolvidos pelos resultados do ensaio", que não eram capazes de ser objectivos.
Os NIH, porém, refutam as acusações, dizendo que a substância nevirapina pode evitar, de forma barata, a transmissão do vírus HIV a milhares de crianças em África. Quando a polémica chegou às páginas dos jornais, no mês passado, ouviram-se inúmeras reacções em prol da utilização da nevirapina, sugerindo, inclusive, que alguns efeitos colaterais são comuns a outras drogas anti-sida. Ainda antes, a própria Organização Mundial de Saúde defendera o uso da substância.
Fishbein diz que foi despedido dos NIH por retaliação e está a contestar legalmente a decisão. Os institutos sustentam que a demissão tem a ver com a fraca performance do especialista para a tarefa que foi contratado.