sexta-feira, dezembro 31, 2004

Anti-retrovirais em comprimido voltam a ser aplicados a crianças moçambicanas com SIDA

LUSA 30.12.04

O governo moçambicano reintroduziu a aplicação de anti-retrovirais em comprimido no tratamento de crianças com SIDA, devido à sua "falta de eficácia " de fármacos em forma de xarope utilizados este ano.

Segundo o director-adjunto da Saúde de Moçambique, Avertino Barreto, a aposta nos anti-retrovirais em comprimido, em detrimento do xarope, deve-se também ao "elevado custo" dos xaropes.

As dificuldades de conservação de medicamentos em xarope, que exige condições especiais de refrigeração, foi outra das razões que as autoridades sanitárias a optarem pelos comprimidos, acrescentou Barreto. "Vimos que as mães já não davam o xarope aos seus filhos, porque muitas delas não têm, por exemplo, condições para conservar estes medicamentos, daí que achamos que continua a ser melhor opção a administração de anti-retrovirais em comprimidos", disse.

No primeiro semestre deste ano, o Ministério da Saúde de Moçambique decidiu introduzir anti-retrovirais em forma de xarope no tratamento de crianças infectadas com SIDA, considerando, na altura, que era a mais adequada. O director-adjunto da Saúde assegurou que a utilização do xarope poderá ser novamente equacionada, caso se concretize um apoio financeiro do governo norte-americano, que permita a diminuição dos "elevados custos" do xarope.

Na altura, a decisão de utilizar anti-retrovirais em forma de xarope foi favoravelmente acolhida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). "As crianças mais pequenas infectadas com o HIV/SIDA precisam de medicamentos em forma de xarope, porque não podem tomar os comprimidos doseados para adultos", defendeu na altura a representante da UNICEF em Moçambique, Marie Poirier.

Estatísticas oficiais indicam que a SIDA mata anualmente 178 em cada mil crianças com menos de cinco anos. Dados demográficos indicam que pelo menos 21 mil crianças dos 0 aos 14 anos morreram este ano de SIDA, de um total de 97 mil pessoas dos 0 aos 49 anos que também sucumbiram vítima da doença.

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