sexta-feira, agosto 26, 2005

Ministros Saúde América Sul e México conseguem redução preço medicamentos para a sida

Lusa 06.08.05

Os ministros da Saúde da América do Sul e México conseguiram que 26 companhias farmacêuticas concedessem grandes diminuições nos preços de medicamentos para a SIDA, no final de negociações levadas a cabo sexta-feira em Buenos Aires. A redução de preços concedida pelos laboratórios oscila entre os 15 e os 55 por cento para os tratamentos terapêuticos mais utilizados nos países latino-americanos, informou o Ministério da Saúde da Argentina, em comunicado.

As negociações levadas a cabo sexta-feira em Buenos Aires, Argentina, permitirão que os países possam reduzir a sua despesa em medicamentos contra o vírus da SIDA entre nove e 66 por cento, assinala o comunicado. "Desta forma, a América Latina está prestes a converter-se na primeira região mundo em vias de desenvolvimento que oferecerá tratamentos anti-retrovirais a todas as pessoas que o necessitem", assinalou o Ministério.

O comunicado oficial colocou também em destaque que a terapia básica contra o vírus de imunodeficiência adquirida, "cujo custo oferecido pela indústria farmacêutica em 2003 foi 350 dólares (283 euros) anuais por paciente, poderá custar agora 241 dólares (195 euros)".
De acordo com o texto, "para uma das terapias mais complexas, o custo de 2.489 dólares (2.013 euros) foi reduzido em 55 por cento e custará, no futuro, 1.123 dólares (908,2 euros) anuais por paciente".

A negociação, de cujo resultado beneficiará a Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Perú, Uruguai e Venezuela, foi levada a cabo pelos ministros da Saúde destes países com o apoio da Organização Pan-americana da Saúde (OPS). "Os ministros da Saúde da região mostraram-se satisfeitos pelas reduções significativas alcançadas na reunião, mas destacaram o problema, quer da ausência de algumas companhias inovadoras, quer da recusa de outras em negociar preços únicos regionais", destaca o mesmo comunicado.

O ministro da Saúde argentino, Ginés Gonzalez Garcia, sublinhou sexta-feira, aquando da abertura das negociações, que estas reuniões visam "chegar rapidamente (...) às pessoas que necessitem de tratamentos" contra a SIDA. "Não é uma meta fácil, sobretudo tendo em conta as características sócio-económicas dos nossos países", acentuou Garcia, segundo o qual os países latino-americanos querem, "não comprar menos medicamentos, mas de melhor qualidade".
"Pretendemos um equilíbrio entre o que é a inovação - o preço, a qualidade - e as negociações entre [países] maiores e mais pequenos, que às vezes são não apenas prisioneiros do seu défice económico, mas também da sua pouca capacidade de negociação", prosseguiu o ministro.

O secretário de Vigilância Epidemiológica do Brasil, Jarbas Barbosa, lamentou, por seu turno, que "na prática, algumas das maiores empresas farmacêuticas de marca estejam a penalizar os países mais pobres".

As negociações entre os ministros da Saúde e as empresas farmacêuticas decorreram à porta fechada, enquanto decorria uma manifestação de 60 organizações nacionais e regionais de doentes com SIDA que exigiam a diminuição dos preços dos medicamentos.
Segundo cálculos de organizações ligadas à saúde, há actualmente na América latina 1.561 mil pessoas infectadas com o vírus da SIDA.

Do total de doentes infectados, cerca de 354 mil necessitam da administração de medicamentos anti-retro-virais, mas apenas 73 por cento recebem tratamento. Esta é a segunda ronda de negociações que os ministros da Saúde dos países latino-americanos e México realizam com os laboratórios farmacêuticos, desde o encontro em Lima, em Junho de 2003.

Comments: Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Enter your email address below to subscribe to Blog do GAT!


powered by Bloglet