quarta-feira, janeiro 19, 2005

Igreja Espanhola aprova preservativo!?

Mais bons ventos? Os bispos portugueses não conseguem acreditar...

CM 19.01.05

Numa declaração surpreendente feita após um encontro mantido em Madrid com a ministra da Saúde espanhola, Elena Salgado, Juan António Martinez Camino anunciou que a Conferênca Episcopal espanhola é a favor do uso do preservativo e que “ele tem o seu contexto numa prevenção integral e global da sida”.

Falando durante uma conferência de Imprensa, o secretário-geral e porta-voz da Conferência Episcopal adiantou que a Igreja Católica ‘está muito preocupada com o problema da sida’ e que as suas posições estão baseadas nas propostas científicas publicadas na edição de Novembro da prestigiada revista ‘The Lancet’, as quais defendem a combinação da abstinência, fidelidade e uso do preservativo como estratégia para a prevenção da transmissão da sida por via sexual. Refira-se que esta estratégia é apoiada por mais de 130 especialistas de 36 países.

O porta-voz do órgão máximo da Igreja Católica em Espanha considerou que o encontro com a ministra Elena Salgado – solicitado pelos bispos – permitiu comprovar que existem “determinados preconceitos” sobre a posição da Igreja na prevenção da sida e concluir que a colaboração de todos constitui “a forma mais adequada para encontrar uma solução para um problema tão grave”, quer em Espanha quer no resto do mundo.

“Chegou o momento de um trabalho conjunto na prevenção de uma pandemia tão triste como a sida”, concluiu Matínez Camino. Com esta posição, a Conferência Episcopal, evita mais uma fricção com o governo socialista espanhol, que pretende legalizar o matrimónio homossexual, considerado inconstitucional. O Vaticano nunca emitiu uma posição oficial sobre o uso do preservativo, mas a maioria dos seus representantes tem-se manifestado contra.

"SERIA UMA REVOLUÇÃO"

D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas, diz que “é muito difícil acreditar que a Conferência Episcopal Espanhola tenha alterado a sua posição sobre o preservativo em 180 graus, no curto espaço de um mês e pouco”.

No entanto, o prelado sublinha que “se isso for verdade, estamos perante uma autêntica revolução doutrinal”. Realçando que a posição dos bispos espanhóis e do secretário-geral da Conferência Episcopal de Espanha, D. Juan António Camino, em particular, “sempre foi no sentido de condenar o uso do preservativo”, D. Januário considera que, “a serem verdadeiras as declarações que lemos na Imprensa espanhola, temos de admitir que, ao nível dos princípios, há uma deslocação do assento tónico muito forte”.

Defendendo que “entre dois males deve sempre optar-se pelo mal menor”, D. Januário disse que “esta questão do preservativo foi sempre muito mal interpretada e explicada pela Igreja”. Diz este prelado que, “na luta contra um inimigo letal como a sida, a Igreja tem de estar sempre do lado da vida”.


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