quarta-feira, outubro 11, 2006

Hospitais restringem acesso a medicamentos mais caros

Lusa 11.10.06

O especialista em medicina interna Eugénio Teófilo afirmou hoje, no Porto, que algumas administrações hospitalares exercem "pressão" para que não se adquiram determinados medicamentos por serem mais caros. Sem especificar quais as administrações, disse que no entanto desconhece qualquer normativa do Governo nesse sentido.

"Alguns hospitais tentam, por vezes, que não se comprem os medicamentos mais caros, mas não há nenhuma normativa do Ministério da Saúde a dizer para se usar o medicamento mais barato", nomeadamente no tratamento dos doentes com HIV/Sida, acrescentou Eugénio Teófilo, que falava à margem dos congressos sobre doenças infecciosas e sobre Sida que decorrem, desde domingo, no Porto.

O especialista participou hoje num painel sobre "Epidemiologia VIH: subtipos, resistências e suas implicações no tratamento". Segundo Eugénio Teófilo, que trabalha no Hospital dos Capuchos, Lisboa, "há a preocupação de algumas administrações hospitalares - devido à pressão do Ministério por causa da contenção dos custos - a fazer pressão sobre os médicos do seu hospital para que, de facto, não se adquiram para o hospital medicamentos por serem mais caros", frisou.
Escusando-se a citar quais as administrações em causa, o especialista fez questão de afirmar que essa pressão nunca foi sentida no hospital onde trabalha.

Ainda sobre este assunto, Eugénio Teófilo considera que deve haver "bom senso", defendendo, nomeadamente, a restrição no acesso aos medicamentos mais caros - como são os destinados ao VIH/Sida e os oncológicos. "Em Portugal passou-se dos oito ao oitenta. Há 10/15 anos, por várias causas, ninguém queria os doentes com VIH, hoje em dia há muita gente que quer tratar estes doentes, incluindo pessoas com pouca experiência", disse.

A inexperiência, considera ainda Eugénio Teófilo, leva a que "se cometam erros em termos terapêuticos e esses erros por vezes são caros".

"Se medicarmos mal um doente podemos estar a comprometer as opções futuras e obrigar a fazer terapêuticas muito mais caras, uma vez que se trata de doentes (com VIH/Sida) com múltiplas resistências", disse. Referiu ainda a "obrigação ética" de tratar os doentes com os medicamentos adequados e mais eficazes.

"Para já o Ministério da Saúde não fez restrições, até porque muitas vezes, o medicamento mais barato pode ser o que tenha mais toxicidade ou um perfil de resistência que não seja o melhor", disse. Considera, por isso, necessário "enquadrar muito bem o que é mais barato, não por preço de comprimido, mas no bolo global".

"Não podemos esquecer que os doentes com HIV há uns anos atrás morriam muito ou ficavam debilitados e eram um peso enorme para a Segurança Social, mas hoje em dia, com a medicação, a maior parte dos doentes está a trabalhar", acrescentou.

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