sexta-feira, abril 14, 2006

OMS pede que prevenção da SIDA seja "uma realidade" em Angola

Lusa 13.04.06

A representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Angola, Fatoumata Diallo, apelou hoje aos angolanos para que façam da prevenção da SIDA uma "realidade" no país e não apenas uma "mera afirmação".

"Somos todos chamados a fazer com que a prevenção da SIDA não seja uma mera afirmação, mas uma realidade no país", afirmou Fatoumata Diallo, no discurso que proferiu em Luanda na cerimónia que assinalou a declaração de 2006 como o ano da aceleração dos esforços de prevenção da SIDA em todo o continente africano.

Para a representante da OMS em Angola, é também necessário que "os centros de aconselhamento e testagem voluntária se tornem uma realidade a curto prazo". Fatoumata Diallo apelou ainda ao Governo, à sociedade civil, aos parceiros nacionais e internacionais e à população em geral para que dê "todo o apoio necessário ao Ministério da Saúde para a prevenção da SIDA".

Para a representante da OMS em Angola, existem cinco tarefas básicas para a prevenção da doença, entre as quais "a melhoria do diálogo e dos mecanismos de coordenação entre parceiros para optimizar recurssos e obter resultados mais tangíveis".

O reforço da resposta institucional de promoção da saúde e o aumento dos esforços de prevenção no contexto epidemiológico, cultural e sócio económico do país foram outras medidas consideradas necessárias para melhorar os níveis de prevenção.

Este objectivo passa ainda pela melhoria da resposta social, através da criação de capacidades comunitárias, envolvendo organizações não governamentais, pessoas portadoras do VIH/SIDA, associações de juventude, organizações religiosas e a comunicação social, e pela promoção da investigação no domínio da prevenção da SIDA.

Em declarações aos jornalistas à margem da cerimónia, Lúcia Furtado, directora-geral adjunta do Instituto Nacional de Luta contra a SIDA (INLS), afirmou ter começado em Setembro a aplicação de um plano estratégico para acelerar a prevenção da doença, que começou em Setembro.

"Temos três grandes objectivos no plano estratégico nacional para o período 2003/2008 que consistem na redução do crescimento da epidemia, através do corte da transmissão vertical, o tratamento com antiretrovirais e a prestação de cuidados paliativos e apoio às pessoas infectadas", afirmou.

Lúcia Furtado assegurou que, "numa primeira fase, até Setembro deste ano, todas as capitais provinciais terão uma unidade sanitária de referência para tratar as pessoas com SIDA", acrescentando que, posteriormente, serão também dotadas as sedes municipais.

A capital angolana, Luanda, dispõe de sete unidades sanitárias para pessoas infectados com o vírus, enquanto a cidade de Benguela tem duas.
Lúcia Furtado salientou a especial situação da província do Cunene, no sul do país, que passou de uma taxa de prevalência de nove por cento em 2004 para 10,4 por cento em 2005.

Para esta responsável sanitária, o alastramento da epidemia naquela região do país está relacionado com a sua localização geográfica, junto à fronteira com a Namíbia, país que tem uma taxa de prevalência da SIDA de cerca de 20 por cento.

"Outra razão é o nível de pobreza que aquelas populações enfrentam, o que as leva a fazer quase tudo para sobreviver, incluindo a prática de sexo não seguro", acrescentou, salientando, por outro lado, a existência de "tabus e mitos tradicionais" que contribuem para o alastramento da doença.

Os últimos dados oficiais divulgados em Luanda referem que foram registados em Angola mais de 19 mil casos de SIDA desde 1985, altura em que foi registado o primeiro caso no país. Os casos existem em todo o território, mas as províncias mais afectadas são Cabinda, Cunene, Lunda Norte, Lunda Sul, Uíge e Cuando Cubango, que fazem fronteira com países onde existe um elevado nível de prevalência da doença.

A província de Luanda também apresenta um dos níveis mais elevados de prevalência da SIDA em Angola, devido às suas características especiais enquanto capital do país.

No início de Novembro, a ONUSIDA, agência das Nações Unidas para o combate à doença, admitiu que a SIDA poderá ser responsável, em 2010, pela existência de mais de 330 mil crianças órfãs em Angola.

As autoridades angolanas estimam que perto de cinco por cento dos cerca de 13 milhões de angolanos que vivem no país estejam infectados com o vírus da SIDA, sendo o combate à doença uma das prioridades nacionais em termos de saúde pública.

Angola possui a mais baixa taxa de prevalência de SIDA entre os países da região da África Austral, mas vários responsáveis do sistema das Nações Unidas têm vindo a alertar para a necessidade de adoptar medidas que permitam aproveitar esta situação para combater o alastramento da doença.

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