quinta-feira, dezembro 01, 2005

Rastreio nacional ao HIV "é um esforço sem sentido"

Bem, ele é que é epidemiologista. Saberá melhor do que o Meliço-Silvestre que não acertou uma.

DN 01.12.05

Novo plano estratégico contra o HIV/sida pronto só em 2007, quando o actual terminar a sua vigência.

O novo coordenador nacional de luta contra a sida vai desistir do inquérito serológico, pensado pela anterior equipa, que tinha como objectivo traçar o retrato do HIV/sida no País. Henrique Barros considera que este projecto seria "um esforço sem sentido". Em vez disso, estabelece como prioridade aumentar o número de pessoas que fazem, individualmente, o teste ao vírus. A importância de se fazer o teste é precisamente o tema da campanha nacional de informação que arranca hoje, quando se comemora mais um Dia Mundial de Luta Contra a Sida.

Para Henrique Barros, o inquérito só conseguiria dados relevantes "com uma amostra brutal e custos que não compensam". Recorde-se que saber ao certo qual o número de infectados no País era a grande prioridade do anterior coordenador da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida, face ao desconhecimento que se mantém ao longo dos anos. Mas Henrique Barros tem uma visão bem diferente. "É irrelevante saber o número preciso de pessoas infectadas, se são 25 ou 30 mil. A informação que temos é mais do que suficiente para agir e agir bem. Não podemos ficar à espera, não vamos perder tempo", defende.

O aumento do número de pessoas testadas é, na opinião deste epidemiologista, uma meta mais útil. E "é um direito individual e um dever perante a sociedade". "Vai-nos permitir alargar a ponta do iceberg, a parte que é conhecida da doença. Se os testes forem introduzidos nos hábitos das pessoas, no limite, poderemos ver a fotografia toda". Ao mesmo tempo, são uma forma de prevenção. "Cada teste realizado é uma oportunidade de aconselhamento. E, para quem o teste é positivo, uma forma de assegurar que a pessoa seja tratada e proteja os outros".

Para chegar ao número total de portugueses infectados, Henrique Barros pretende cruzar os dados dos testes voluntários, as análises ao sangue, o número de anti-retrovirais administrados e as notificações médicas. "Temos a ideia que o HIV/sida está subavaliado, mas com base em quê? Só sabemos que está porque em todas as doenças os médicos têm tendência a subnotificar. A ideia de que o HIV/sida é subnotificado é desgastante", afirma.

Henrique Barros considera até "aceitável" o actual número de notificações médicas - agora obrigatórias. "Para delinear a estratégia de combate temos a informação suficiente". Recorde-se que os casos identificados rondam os 27 mil, mas as estimativas dos especialistas apontam para a existência de 50 a 60 mil pessoas com HIV/sida. Portugal é um dos países da Europa com mais casos da doença.

Apostar na informação e "numa atitude mais educada" das pessoas é o grande objectivo que o especialista quer ver também realizado nas escolas. Além disso, quer "trabalhar com as populações mais vulneráveis, como os toxicodependentes e os imigrantes". Na área do tratamento, o coordenador quer encontrar "linhas terapêuticas" iguais para todos os serviços do País, de forma a garantir homogeneidade, e que todas as pessoas com infecção ou doença tenham as melhores condições possíveis". Sobre a introdução de seringas nas prisões, onde existem elevadas taxas de contágio, Henrique Barros é mais reticente. "Neste momento, ainda não está decidida a política para esta área. Mas eu, pessoalmente, não tenho objecções à troca de seringas".

As mudanças que Henrique Barros quer introduzir no combate à doença não vão implicar um novo plano, pelo menos por enquanto. "Não vamos mudar a estratégia até que termine a sua vigência, que é no próximo ano. Não seria eficaz", afirma.
(...)

Comments:
são fantásticos os comentários do novo responsável pela luta contra a sida em portugal! Pessoalmente não tem objecções à troca de seringas nas prisões?? quer dizer o quê? que se alguém com responsabilidades políticas tiver objecções, ele não se oporá? Se o Ministro que tutela as prisões tiver objecções a coisa fica assim?
custos excessivos no despiste de infectados? em vez de uma campanha massiva e despiste obrigatório em todas as análises ao sangue, uma coisa assim devagarinho, aos poucos para que as pessoas se habituem a fazer testes? Pela amostra do que têm sido as campanhas publicitárias de prevenção, a previsão de hábitos de testes será lá para 2050? para sempre a hipocrisia à frente
 
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