domingo, outubro 02, 2005

Director da ONU fala em Lisboa sobre SIDA



Lusa 01.10.05

O director executivo do Programa das Nações Unidas de Luta Contra a Sida (ONUSIDA), Peter Piot, apresenta segunda-feira em Lisboa a situação do combate mundial a esta doença que, desde 1983, já atingiu 27.013 portugueses.

Peter Piot fará a apresentação durante o Fórum Gulbenkian de Saúde 2005 dedicado ao tema "Saúde sem Fronteiras" e no final da sessão será condecorado pelo Presidente da República com o Grau de Grande Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique, pela sua colaboração com Portugal.

O director do ONUSIDA chefia este organismo das Nações Unidas desde a sua criação, em 1995, tendo-se destacado pela sua acção no esclarecimento público dos perigos da doença e pelo seu envolvimento em diversas iniciativas com governos, técnicos e organizações não- governamentais.

Em diversas ocasiões, Peter Piot, 56 anos, tem desafiado os líderes mundiais para um envolvimento mais efectivo na luta contra a Sida, entendida esta como um grave problema social, económico e de segurança, em particular nos países mais pobres do mundo.
Em Portugal, o director da ONUSIDA (com a categoria de subsecretário-geral das Nações Unidas) tem colaborado com as autoridades e os técnicos da área da Sida, bem como atendido a solicitações de participação em iniciativas promovidas por Jorge Sampaio na luta contra a doença.

Em declarações à agência Lusa, o futuro coordenador da Infecção por VIH/Sida do Alto Comissariado da Saúde, Henrique Barros, enalteceu o papel de Peter Piot na prevenção e luta contra a Sida. "Trata-se de uma figura fundamental da saúde internacional", disse.
Henrique Barros ressalvou ainda o "grande contributo" de Peter Piot no combate a outras doenças infecciosas além da sida.

Em Portugal, o primeiro caso clínico de infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) foi diagnosticado em Outubro de 1983. Desde então, e até 30 de Junho deste ano, foram notificados 27.013 casos de infecção VIH/Sida. Segundo o último relatório do Centro de Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), entre 01 de Janeiro e 30 de Junho de 2005, foram recebidas notificações de 1.174 casos de infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH).

O maior número de casos notificados ("casos acumulados") corresponde à infecção por consumo de drogas por via endovenosa ou "toxicodependentes", constituindo 46,8 por cento (12 657) de todas as notificações. O número de casos associado à infecção por transmissão sexual (heterossexual) representa o segundo grupo com 35,4 por cento dos registos e a transmissão sexual (homossexual masculina) apresenta 11,7 por cento dos casos. As restantes formas de transmissão correspondem a 6,1 por cento do total.

Os casos notificados de infecção VIH/Sida, que referem como forma provável de infecção a transmissão sexual (heterossexual), apresentam uma tendência evolutiva crescente importante.
No primeiro semestre de 2005, a categoria de transmissão "heterossexual" regista 54,4 por cento dos casos notificados.

Desde Fevereiro de 2005 que a infecção VIH/SIDA é considerada como doença de notificação obrigatória, em que os casos de infecção em qualquer estádio devem ser notificadas para o Centro de Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis.

A nível mundial, os dados mais recentes do ONUSIDA divulgados em 2004, indicavam que em 2003 existiam 38 milhões de pessoas infectadas. Nesse mesmo ano, morreram três milhões de pessoas e foram infectadas cinco milhões. A Sida já matou, desde 1981, vinte milhões de pessoas em todo o mundo.

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