segunda-feira, setembro 26, 2005
Sindicatos acusam PR Mbeki de falhar na liderança combate à SIDA
Lusa 26.09.05
A confederação sindical sul-africana Cosatu acusou o governo do ANC de não ter sabido liderar o país e o povo na luta contra a SIDA, que já matou um milhão de sul-africanos.
Zwelinzima Vavi, secretário-geral da Cosatu, afirmou durante o congresso da organização não-governamental Treatment Action Campaign (TAC), na Cidade do Cabo, que o facto de tanta gente estar infectada com o vírus da SIDA tem directamente a ver com o falhanço do sector público da Saúde em assistir a população na luta contra a doença, quer nas áreas da prevenção quer do tratamento.
"Esse falhanço do sector está em última instância ligado à ausência de liderança demonstrada pelo governo, designadamente pelo presidente e a sua ministra da Saúde", Thabo Mbeki e Manto Tshabalala-Msimang, acusou Vavi. Os maiores fracassos governamentais são, segundo aquele dirigente, a ausência de campanhas de educação eficazes ao nível do sistema de ensino, bem como a existência de um sistema de saúde pública que não trata adequadamente os seropositivos e a falta de fundos e de gestores no sector.
O TAC, que há mais de cinco anos luta pelo direito dos seropositivos a tratamento, foi fundado por antigos quadros e militantes do ANC que tiveram que mudar de trincheiras quando se aperceberam de que quer o presidente Mbeki (na chefia do Estado desde 1999) quer a ministra da Saúde, Tshabalala-Msimang, não aceitam o princípios científicos de que o HIV provoca a SIDA e que o melhor tratamento à disposição dos seropositivos é recurso a anti- retrovirais. Uma das acusações feitas pelo TAC contra o executivo é a falta de vontade política deste para aplicar políticas eficazes contra a propagação da doença.
Ao longo dos últimos anos, o TAC tem mobilizado a opinião pública nacional e internacional para a paralisia do executivo no combate à SIDA, tendo processado judicialmente as autoridades, em duas ocasiões, por alegada violação do direito constitucional dos cidadãos a receberem tratamento gratuito. O presidente do TAC, Zachie Achmat, ele próprio seropositivo, recusou tratamento anti-retroviral no sector privado até o Estado ter dado início ao seu próprio programa de tratamento gratuito nos hospitais públicos há pouco mais de um ano. Achmat esteve gravemente doente várias vezes, quase pagando com a própria vida a sua insistência em liderar por exemplo.
Os assuntos em destaque neste congresso foram a igualdade entre homens e mulheres, o crescimento dos índices de infecção entre raparigas em idade escolar, os mitos culturais em torno da SIDA, a informação, testes e tratamento, além da política de saúde de Mbeki.
Entre os mitos sobre a SIDA atribuídos à cultura africana destaca-se a crença entre muitos homens de que ter relações sexuais com uma virgem elimina a doença, o que levou a milhares de violações de menores na África do Sul nos últimos anos.
Mais de 6,5 milhões de sul-africanos estão infectados com o vírus da SIDA (HIV), segundo dados oficiais.