segunda-feira, março 21, 2005

O paciente e o poder emergente das ONGs

Só não gosto muito do termo "paciente". É que não tenho muita paciência...

Por Carlos Varaldo
Grupo Otimismo

O fenômeno é novo, mas chegou de forma irreversível. Com o avanço dos meios de informação o paciente já não é um sujeito passivo e desinformado, sem direitos nem autonomia. Ainda combatido por alguns médicos o velho centro de gravidade "médico - paciente" esta mudando, onde a medicina passa a ser centrada no paciente.

Desiludido com o corporativismo dos Conselhos de Medicina ou das Sociedades Científicas, que raramente se pronunciam a favor do paciente, surgem nos últimos anos inúmeras associações de pacientes, assim como organizações de defesa dos direitos do consumidor, advogados especializados em erro médico e grupos que lutam por determinada patologia, passando estes novos atores a alterar o fiel da balança no relacionamento do paciente com as corporações médicas.

O poder real dos pacientes tem muito a ver com a força de suas associações, e já se nota que existem mudanças notáveis na afirmação da cidadania. O poder de representação das ONGs perante os gestores públicos, prestadores de serviços médicos ou profissionais autônomos junto com a visibilidade na mídia ao se realizar denúncias, outorgam ao paciente um poder até então inexistente.

O paciente necessita receber do médico, informação de qualidade, sempre baseada no melhor conhecimento científico disponível, em linguagem de fácil compreensão, informando os prós e contras sobre sua doença e os tratamentos existentes a que poderá ser submetido.

O médico não deve deixar de explicitar que o seu trabalho se trata de uma "consulta" e, que pelo tanto nada poderá ser imposto ou realizado sem o consentimento do paciente, cabendo a este a decisão final, assim como a assunção das devidas responsabilidades. É de fundamental importância que a informação passada pelo médico seja completa e fácil de entender, gerando confiança mútua e que a empatia no relacionamento médico - paciente seja total para se evitar no futuro ações reparadoras.

O sistema publico de saúde, as clínicas e hospitais privados assim como as sociedades científicas deveriam criar mecanismos de treinamento específico em comunicação médico - paciente para se obter uma relação mais satisfatória e evitar áreas de conflito. As ONGs têm que participar ativamente na elaboração das normas que regulem este relacionamento. Todo protocolo de tratamento ou norma técnica deve ter a aprovação do principal interessado, o paciente.

As ONGs têm o papel fundamental de propor leis e mecanismos que fomentem esta melhor comunicação, assim, como também, por serem representantes dos pacientes cabe a elas a responsabilidade de procurar diretamente o judiciário quando o paciente não é respeitado, perante o qual os conselhos médicos e as sociedade científicas deverão ser convocados para se explicar.

Comments: Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Enter your email address below to subscribe to Blog do GAT!


powered by Bloglet