sexta-feira, dezembro 03, 2004
Sida, flagelo e desafio mundial
Ou a autora deste artigo de opinião (Sra. Adrienne O' Neal, Encarregada de Negócios a.i. dos EUA) está mal-informada ou está a cumprir o seu trabalho na embaixada.
Sobre o plano PEPFAR de Bush podem ler o post anterior de Gregg Gonsalves em inglês (No Easy Walk in Bush Land).
Bush está a utilizar o seu plano para politizar e rentabilizar a luta contra a pandemia. Tenta fragilizar o Fundo Global privilegiando acordos bi-laterais, só "ajuda" os países que lhe interessam politicamente, só financia projectos que não incluem preservativos e só quer financiar projectos que incluem medicamentos de marca. Podia triplicar o número dos beneficientes de antiretrovirais se não estava prisoneiro das farmacêuticas que lhe financiaram as campanhas eleitorais.
Até uma auditoria do congresso americano criticou fortemente o plano por estas razões...
Acerca do esforço português à pandemia global, podem ver o post "acabou-se o tempo" do 26 de Novembro. Embora Sampaio tenha feito um bom trabalho nesta área, o governo português nem deu um décimo das contribuições que devia dar ao Fundo Global...
Público Online 1.12.04
O secretário de Estado norte-americano Colin Powell classificou o vírus do HIV/sida como a mais mortífera arma de destruição maciça existente ao cimo da terra. Desde que foi identificada no início dos anos 80, já matou mais de 20 milhões de pessoas e a UNAIDS estima que mais 38 milhões estejam actualmente infectadas. Só no ano passado, a sida vitimou três milhões de pessoas e infectou mais cinco milhões. Nas palavras do Presidente Bush, "só existem duas respostas possíveis para um sofrimento a esta escala: podemos desviar os olhos em sinal de resignação e desespero, ou podemos tomar medidas decisivas e históricas para inverter a situação referente a esta doença". Neste 1º de Dezembro, em que a comunidade internacional comemora o Dia Mundial de Luta Contra a Sida, permanecemos bem cientes deste apelo à acção.
O Presidente Bush fez da luta mundial contra a pandemia da sida uma prioridade dos Estados Unidos. No seu discurso de 2003 sobre o estado da União, anunciou um uso sem precedentes dos recursos americanos na luta contra a devastadora doença. Sob a sua égide, o Plano de Emergência de Combate à Sida destinou 15 mil milhões de dólares - aplicados ao longo de cinco anos - à luta contra o vírus.
Os 15 países-alvo daquele plano, entre os quais Moçambique e a África do Sul, contabilizam mais de 50 por cento dos infectados pela sida a nível mundial. E é precisamente nesses países que dois milhões de pessoas vão receber tratamento, sete milhões de mortes por sida serão evitadas e dez milhões de indivíduos, quer estejam infectados ou afectados pela doença - deste modo abrangendo órfãos e crianças em situação de risco -, vão receber assistência.
Os EUA destinaram nove mil milhões de dólares em novos apoios aos países severamente afectados. O plano atribui ainda à cooperação bilateral, em curso em mais de 100 países, cinco mil milhões de dólares. E providencia mais mil milhões para o Fundo Global, ao qual os EUA destinam cerca de um terço das suas contribuições anuais - mais do que o montante de qualquer outro doador.
O Plano de Emergência de Combate à Sida já foi activado. Em 2004, cerca de 865 milhões de dólares foram encaminhados para os países mais afectados. Os fundos estão a ser aplicados por agências americanas, governos locais, ONG internacionais, assim como por organizações religiosas e comunitárias. Até ao final do ano, estas entidades terão apoiado mais de 200 mil pessoas através do vital tratamento anti-retroviral. Os esforços de organizações multilaterais como a Global Fund, a UNAIDS, a UNHCR e a Organização Mundial de Saúde têm sido fundamentais para a implementação da estratégia esboçada no Plano de Emergência.
Todos os países do mundo têm sido afectados pela propagação da sida, pelo que todas as nações têm um interesse vital em contribuir para a luta contra a doença. Mas esta luta requer um compromisso político firme por parte dos governos, cooperação diplomática e empenho a todos os níveis por parte das autoridades e líderes sociais. Nas regiões onde os líderes têm permanecido em silêncio, passivos ou, pior ainda, têm disseminado mensagens estigmatizadoras ou incorrectas, o HIV continua a propagar-se apesar dos melhores esforços das comunidades e dos doadores. Em países altamente afectados ou naqueles com epidemias emergentes, a liderança é, a todos os níveis, fundamental para contrariar o estigma, a negação e a desinformação, para influenciar as práticas culturais e para mobilizar novos parceiros e apoios.
Portugal também tem desempenhado um papel activo na campanha contra a disseminação da doença. Já este ano, o Presidente Jorge Sampaio assinou a Declaração de Dublin sobre Parcerias para combater o HIV e a sida na Europa e na Ásia Central. Em 2003, na reunião das Nações Unidas sobre HIV e sida, o Presidente disse à assembleia geral que a urgência com que a luta contra a sida tem sido levada a cabo nos últimos anos deve ser mantida e ampliada. Realçou, também, que "a agenda política internacional, apesar de compreensivelmente preocupada com a luta contra o terrorismo, não pode esquecer esta outra fonte de terror pelo grande número de pessoas que, todos os dias, morrem ou ficam reduzidas à miséria e à dor".
Estas palavras são um apelo eloquente aos países que estão em posição de ajudar os restantes. A realidade é que o Plano de Emergência de Combate à Sida não pode inverter a tendência mortífera do HIV/sida sem uma cooperação internacional concertada. Felizmente, nações como Portugal estão a responder a este apelo para a necessidade de aumentar o apoio público e privado ao combate à doença. Por cada dólar investido, vidas são salvas, famílias permanecem unidas, nações avançam e progridem.
Por ADRIENNE O' NEAL
Encarregada de Negócios a.i. dos EUA
Sobre o plano PEPFAR de Bush podem ler o post anterior de Gregg Gonsalves em inglês (No Easy Walk in Bush Land).
Bush está a utilizar o seu plano para politizar e rentabilizar a luta contra a pandemia. Tenta fragilizar o Fundo Global privilegiando acordos bi-laterais, só "ajuda" os países que lhe interessam politicamente, só financia projectos que não incluem preservativos e só quer financiar projectos que incluem medicamentos de marca. Podia triplicar o número dos beneficientes de antiretrovirais se não estava prisoneiro das farmacêuticas que lhe financiaram as campanhas eleitorais.
Até uma auditoria do congresso americano criticou fortemente o plano por estas razões...
Acerca do esforço português à pandemia global, podem ver o post "acabou-se o tempo" do 26 de Novembro. Embora Sampaio tenha feito um bom trabalho nesta área, o governo português nem deu um décimo das contribuições que devia dar ao Fundo Global...
Público Online 1.12.04
O secretário de Estado norte-americano Colin Powell classificou o vírus do HIV/sida como a mais mortífera arma de destruição maciça existente ao cimo da terra. Desde que foi identificada no início dos anos 80, já matou mais de 20 milhões de pessoas e a UNAIDS estima que mais 38 milhões estejam actualmente infectadas. Só no ano passado, a sida vitimou três milhões de pessoas e infectou mais cinco milhões. Nas palavras do Presidente Bush, "só existem duas respostas possíveis para um sofrimento a esta escala: podemos desviar os olhos em sinal de resignação e desespero, ou podemos tomar medidas decisivas e históricas para inverter a situação referente a esta doença". Neste 1º de Dezembro, em que a comunidade internacional comemora o Dia Mundial de Luta Contra a Sida, permanecemos bem cientes deste apelo à acção.
O Presidente Bush fez da luta mundial contra a pandemia da sida uma prioridade dos Estados Unidos. No seu discurso de 2003 sobre o estado da União, anunciou um uso sem precedentes dos recursos americanos na luta contra a devastadora doença. Sob a sua égide, o Plano de Emergência de Combate à Sida destinou 15 mil milhões de dólares - aplicados ao longo de cinco anos - à luta contra o vírus.
Os 15 países-alvo daquele plano, entre os quais Moçambique e a África do Sul, contabilizam mais de 50 por cento dos infectados pela sida a nível mundial. E é precisamente nesses países que dois milhões de pessoas vão receber tratamento, sete milhões de mortes por sida serão evitadas e dez milhões de indivíduos, quer estejam infectados ou afectados pela doença - deste modo abrangendo órfãos e crianças em situação de risco -, vão receber assistência.
Os EUA destinaram nove mil milhões de dólares em novos apoios aos países severamente afectados. O plano atribui ainda à cooperação bilateral, em curso em mais de 100 países, cinco mil milhões de dólares. E providencia mais mil milhões para o Fundo Global, ao qual os EUA destinam cerca de um terço das suas contribuições anuais - mais do que o montante de qualquer outro doador.
O Plano de Emergência de Combate à Sida já foi activado. Em 2004, cerca de 865 milhões de dólares foram encaminhados para os países mais afectados. Os fundos estão a ser aplicados por agências americanas, governos locais, ONG internacionais, assim como por organizações religiosas e comunitárias. Até ao final do ano, estas entidades terão apoiado mais de 200 mil pessoas através do vital tratamento anti-retroviral. Os esforços de organizações multilaterais como a Global Fund, a UNAIDS, a UNHCR e a Organização Mundial de Saúde têm sido fundamentais para a implementação da estratégia esboçada no Plano de Emergência.
Todos os países do mundo têm sido afectados pela propagação da sida, pelo que todas as nações têm um interesse vital em contribuir para a luta contra a doença. Mas esta luta requer um compromisso político firme por parte dos governos, cooperação diplomática e empenho a todos os níveis por parte das autoridades e líderes sociais. Nas regiões onde os líderes têm permanecido em silêncio, passivos ou, pior ainda, têm disseminado mensagens estigmatizadoras ou incorrectas, o HIV continua a propagar-se apesar dos melhores esforços das comunidades e dos doadores. Em países altamente afectados ou naqueles com epidemias emergentes, a liderança é, a todos os níveis, fundamental para contrariar o estigma, a negação e a desinformação, para influenciar as práticas culturais e para mobilizar novos parceiros e apoios.
Portugal também tem desempenhado um papel activo na campanha contra a disseminação da doença. Já este ano, o Presidente Jorge Sampaio assinou a Declaração de Dublin sobre Parcerias para combater o HIV e a sida na Europa e na Ásia Central. Em 2003, na reunião das Nações Unidas sobre HIV e sida, o Presidente disse à assembleia geral que a urgência com que a luta contra a sida tem sido levada a cabo nos últimos anos deve ser mantida e ampliada. Realçou, também, que "a agenda política internacional, apesar de compreensivelmente preocupada com a luta contra o terrorismo, não pode esquecer esta outra fonte de terror pelo grande número de pessoas que, todos os dias, morrem ou ficam reduzidas à miséria e à dor".
Estas palavras são um apelo eloquente aos países que estão em posição de ajudar os restantes. A realidade é que o Plano de Emergência de Combate à Sida não pode inverter a tendência mortífera do HIV/sida sem uma cooperação internacional concertada. Felizmente, nações como Portugal estão a responder a este apelo para a necessidade de aumentar o apoio público e privado ao combate à doença. Por cada dólar investido, vidas são salvas, famílias permanecem unidas, nações avançam e progridem.
Por ADRIENNE O' NEAL
Encarregada de Negócios a.i. dos EUA