terça-feira, novembro 30, 2004

Estudo à população em geral arranca em Fevereiro

"As entidades que participam nesta avaliação pioneira em Portugal são a Administração Regional de Saúde do Centro, a sub-região de saúde, a Direcção Regional de Saúde Pública e a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra."
Não será um conflito de interesses para o Prof. Meliço-Silvestre, trabalhando na CNLCS e no HUC?

Notícia do DN online 29.11.04

Os jovens universitários portugueses têm comportamentos de risco nas relações sexuais. As autoridades de saúde estão preocupadas e temem pelo «futuro desta população no que diz respeito às infecções de transmissão sexual». Esta é uma das conclusões do rastreio da Comissão Nacional de Luta Conta a Sida (CNLCS) realizado a quase cinco mil pessoas. O estudo não detectou nenhum caso de HIV/sida, mas, a análise aos comportamentos revelou resultados preocupantes. Em Fevereiro, o rastreio estende-se à população em geral.

Dos jovens inquiridos, 83,4% já tiveram relações sexuais - 5,7% antes dos 15 anos -, mas apenas 46,1% recorreram ao preservativo. Questionados sobre se usaram protecção no último contacto sexual, quase 40% responderam negativamente. A agravar o risco de contágio pelo HIV é o facto de muitos terem tido múltiplos parceiros: 18% cinco ou mais. No que respeita à última relação com um parceiro não habitual, 10% dos inquiridos afirmaram não ter usado protecção.

A CNLCS não tem dúvidas em caracterizar os comportamentos desta população como de «elevado risco» - maior nos homens do que nas mulheres e nos grupos etários mais elevados. Se, por um lado, não foi detectado HIV/sida a nenhum dos jovens que se apresentaram voluntariamente para fazer o rastreio, o facto de muitos não se precaverem nos relacionamentos poderá ter consequências no futuro. «Tudo fará supor que a situação [do HIV/sida] tenderá a agravar-se», diz Paulo Nossa, o investigador da CNLCS que apresentou o estudo, realizado entre Março e Maio deste ano. «Há comportamentos de risco elevado para todo o tipo de infecções, o que exige uma intervenção educativa e sanitária urgente», admite ainda o organismo nacional que coordena o combate à doença.

Dos 4693 universitários entre os 18 e os 24 anos que se submeteram a análises ao sangue, 15 tinham hepatite C e oito hepatite B, esta última beneficiando de haver uma vacina, administrada a 75% dos jovens inquiridos. Foram ainda identificados três casos de sífilis, uma doença considerada como sentinela para o HIV/sida.

António Meliço-Silvestre, coordenador da CNLCS, refere que estes dados levam a pensar que o contágio do HIV/sida - cujas taxas nacionais são as mais elevadas da Europa - se dá mais tarde. Contudo, defende, isto não pode significar um desinvestimento na prevenção junto desta faixa populacional. Até porque o inquérito veio demonstrar um desfasamento entre aquilo que os jovens conhecem sobre a doença e o que aplicam na sua vida.

Quase todos os inquiridos (98,7%) sabem que o risco de transmissão do HIV é menor se usarem preservativo e 75,7% afirmam já ter tido aulas de informação/esclarecimento sobre a doença. Mas este conhecimento não se traduz numa maior prevenção. Um nível de informação que é mais baixo na população geral, tendo em conta o inquérito recente coordenado pelo sociólogo Fausto Amaro e os dados dos Centros de Aconselhamento e Diagnóstico (CAD), já divulgados pelo DN. Exemplo: se quase 20% dos portugueses acreditam que o HIV/sida se transmite na partilha de refeições, este número baixa para menos de 10% nos jovens.

Levantamento epidemiológico.
O ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, anunciou ontem que, em Fevereiro, vai arrancar um estudo à prevalência do HIV/sida na população em geral e, ao mesmo tempo, um inquérito aos seus comportamentos. O levantamento será coordenado pelo sociólogo Fausto Amaro em colaboração com a CNLCS e os resultados conhecidos em Julho.

O objectivo é «tentar saber com mais rigor o que se passa em Portugal», que sofre há anos de um problema de subnotificação. Luís Filipe Pereira acrescentou ainda que o retrato da doença irá ainda beneficiar da obrigatoriedade dos médicos de notificarem os casos de HIV/sida. O ministro sublinhou ainda a diminuição do número de mortes pela doença. «Portugal é um dos 30 países onde os anti-retrovirais são gratuitos», o que representa um custo anual de 20 milhões de euros.

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