terça-feira, agosto 29, 2006
Portugal gasta 100 milhões euros ano em medicamentos para tratar o VIH
Ler também: http://gatportugal.blogspot.com/2006/08/reunio-do-gat-com-cnsida.html
Lusa 12.08.06
Portugal gasta anualmente 100 milhões de euros com os medicamentos contra o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) e está, pela primeira vez, a averiguar se existe desperdício com estes tratamentos, segundo o Coordenador Nacional para a Infecção VIH/Sida.
Em entrevista à agência Lusa, Henrique Barros revelou que cada doente infectado com o VIH custa ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) 10 mil euros anuais em medicamentos (anti-retrovíricos).
Uma despesa que só não é maior porque os doentes "não fazem os tratamentos completos", pois desistem temporariamente, "como acontece em várias doenças crónicas", disse.
Porém, esta despesa é apenas aparentemente inferior, pois representa um custo acrescido para o Estado, explicou.
"Se os doentes fizessem a terapêutica completa, deixariam de estar infectantes, manter-se-iam mais tempo com os medicamentos mais baratos e não necessitariam de internamentos nem sucessivas análises", actos médicos bastante onerosos para o SNS.
De acordo com Henrique Barros, o abandono ou interrupção da terapêutica pelos seropositivos tem múltiplas razões: "O doente pode estar mais triste, zangado com a vida e tenta desta forma negar a doença".
Por outro lado, é normal que, a determinada altura, o doente se sinta melhor e tenha a tentação de deixar a medicação, o que tem como consequência directa a necessidade de terapêuticas mais agressivas para combater as resistências que entretanto se foram criando.
Henrique Barros defende, por isso, um envolvimento de todos os profissionais com o doente para que a medicação seja seguida, uma atitude que favorece todos: infectado, comunidade e Estado.
Sobre a forma como os fármacos contra o VIH/Sida são fornecidos em Portugal - apenas são distribuídos nas farmácias hospitalares -, Henrique Barros frisou que "Portugal tem uma atitude extraordinariamente generosa e liberal em relação aos medicamentos".
"Em Portugal toda a gente tem acesso às melhores medicações disponíveis ", garantiu.
Contudo, o Coordenador Nacional para a Infecção VIH/Sida defende uma "melhor organização, em termos de linhas de orientação e de medidas, que garanta que o que está a ser gasto é o que é preciso e não desperdício".
"Sou completamente defensor do acesso do que é preciso e contra que se use, numa espécie de novo-riquismo [???], a última coisa [medicamento] que aparece", disse.
Segundo Henrique Barros, "não existe em Portugal uma forma de saber se há ou não desperdício" na administração de anti-retrovíricos, o que é necessário e está a ser feito pela primeira vez em Portugal.
O epidemiologista lembrou que, apesar dos hospitais terem registo dos medicamentos que usam, não existe uma informatização dos processos".
O que está a ser criado é "um modelo simples que implique uma informação manuseada rapidamente", para que "acabe o clima de suspeição".
Para Henrique Barros, existem várias formas de desperdício na administração de anti-retrovíricos, como o uso de medicamento que deviam ser guardados para futuras escolhas e de terapêuticas inapropriadas.
Outra forma de desperdício nesta área relaciona-se com a má adesão aos tratamentos, resultante do abandono das terapêuticas que obrigam a uma posterior administração de fármacos mais fortes e mais caros.
Henrique Barros apoia a intenção do ministro da Saúde de limitar a quatro por cento o crescimento da despesa com medicamentos hospitalares, como os anti-retrovíricos, e esclareceu: "O que se tenta conter é a escalada dos preços e não o gasto absoluto. O que se quer limitar é o aumento do gasto por doente. Mas se houver mais doentes, é claro que eles serão tratados", disse."
Em Portugal, estão notificados 29.461 pessoas em diferentes estádios da infecção por VIH/Sida.
Lusa 12.08.06
Portugal gasta anualmente 100 milhões de euros com os medicamentos contra o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) e está, pela primeira vez, a averiguar se existe desperdício com estes tratamentos, segundo o Coordenador Nacional para a Infecção VIH/Sida.
Em entrevista à agência Lusa, Henrique Barros revelou que cada doente infectado com o VIH custa ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) 10 mil euros anuais em medicamentos (anti-retrovíricos).
Uma despesa que só não é maior porque os doentes "não fazem os tratamentos completos", pois desistem temporariamente, "como acontece em várias doenças crónicas", disse.
Porém, esta despesa é apenas aparentemente inferior, pois representa um custo acrescido para o Estado, explicou.
"Se os doentes fizessem a terapêutica completa, deixariam de estar infectantes, manter-se-iam mais tempo com os medicamentos mais baratos e não necessitariam de internamentos nem sucessivas análises", actos médicos bastante onerosos para o SNS.
De acordo com Henrique Barros, o abandono ou interrupção da terapêutica pelos seropositivos tem múltiplas razões: "O doente pode estar mais triste, zangado com a vida e tenta desta forma negar a doença".
Por outro lado, é normal que, a determinada altura, o doente se sinta melhor e tenha a tentação de deixar a medicação, o que tem como consequência directa a necessidade de terapêuticas mais agressivas para combater as resistências que entretanto se foram criando.
Henrique Barros defende, por isso, um envolvimento de todos os profissionais com o doente para que a medicação seja seguida, uma atitude que favorece todos: infectado, comunidade e Estado.
Sobre a forma como os fármacos contra o VIH/Sida são fornecidos em Portugal - apenas são distribuídos nas farmácias hospitalares -, Henrique Barros frisou que "Portugal tem uma atitude extraordinariamente generosa e liberal em relação aos medicamentos".
"Em Portugal toda a gente tem acesso às melhores medicações disponíveis ", garantiu.
Contudo, o Coordenador Nacional para a Infecção VIH/Sida defende uma "melhor organização, em termos de linhas de orientação e de medidas, que garanta que o que está a ser gasto é o que é preciso e não desperdício".
"Sou completamente defensor do acesso do que é preciso e contra que se use, numa espécie de novo-riquismo [???], a última coisa [medicamento] que aparece", disse.
Segundo Henrique Barros, "não existe em Portugal uma forma de saber se há ou não desperdício" na administração de anti-retrovíricos, o que é necessário e está a ser feito pela primeira vez em Portugal.
O epidemiologista lembrou que, apesar dos hospitais terem registo dos medicamentos que usam, não existe uma informatização dos processos".
O que está a ser criado é "um modelo simples que implique uma informação manuseada rapidamente", para que "acabe o clima de suspeição".
Para Henrique Barros, existem várias formas de desperdício na administração de anti-retrovíricos, como o uso de medicamento que deviam ser guardados para futuras escolhas e de terapêuticas inapropriadas.
Outra forma de desperdício nesta área relaciona-se com a má adesão aos tratamentos, resultante do abandono das terapêuticas que obrigam a uma posterior administração de fármacos mais fortes e mais caros.
Henrique Barros apoia a intenção do ministro da Saúde de limitar a quatro por cento o crescimento da despesa com medicamentos hospitalares, como os anti-retrovíricos, e esclareceu: "O que se tenta conter é a escalada dos preços e não o gasto absoluto. O que se quer limitar é o aumento do gasto por doente. Mas se houver mais doentes, é claro que eles serão tratados", disse."
Em Portugal, estão notificados 29.461 pessoas em diferentes estádios da infecção por VIH/Sida.