terça-feira, maio 09, 2006
Casos de sida disparam entre pessoas com mais de 50 anos
DN 07.05.06
Estima-se que 40% dos casos de sida em Portugal afectem indivíduos com mais de 50 anos, existindo uma tendência crescente que se vem avolumando desde 1998. Só em 2003 houve mais casos notificados em pessoas com mais de 65 anos heterossexuais do que entre 1983 e 1993.
A revelação foi feita por Ana Campos Reis, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa - que participou ontem, em Évora, num simpósio sobre a sexualidade na terceira idade -, tendo sido fundamentada com a experiência desta especialista, que trabalha actualmente com 3000 infectados com HIV, sendo que cerca de 1200 se situam entre os 50 e os 87 anos.
A mesma responsável lamentou que Portugal não esteja a saber lidar com esta situação, garantindo que têm faltado respostas do serviço de saúde, dos lares e da própria escola, indo ao ponto de alertar que não vale a pena trazer muitos dados estatísticos à liça por estar convicta de que os casos de sida notificados em Portugal (entre 28 a 30 mil) estão "muito abaixo" do valor real. Por isso, diz, "será necessário multiplicar por dez" para se conseguir chegar mais próximo da realidade nacional.
Ana Campos Reis acha que o país procura "esconder a doença", dando como exemplos casos dos próprios médicos que, para protegerem os seus pacientes, não os notificam. É a forma de evitarem a sua marginalização social, não faltando exemplos de idosos a quem só é diagnosticado o vírus HIV quando algumas patologias, como a tuberculose, não cedem aos medicamentos. Verifica-se depois que a contaminação remonta há 15 ou mesmo 20 anos."
O problema é que quando um idoso surge num lar com sida tentam que ele saia, pelo que enquanto houver pessoas estigmatizadas pelo HIV há médicos que se calam e nunca teremos dados nem frontalidade para tratar a doença. Temos que mudar de mentalidade, porque se um pediatra disser que um menino está infectado com sida, esse menino também não entra na escola", disse, recordando como há uns anos Portugal só tinha notificados os casos que existiam no Hospital de Santa Maria, como se eles fossem toda a realidade nacional. Mais recentemente, na Madeira, a notificação não passava de cinco ou seis casos, apesar de num congresso uma médica ter dito que tinha cem infectados na sua consulta.
Para minimizar este flagelo, Ana Campos Reis sugere que sejam dados passos em matéria de Educação Sexual, adjectivando-a de "tão importante" como o Português ou a Matemática. "É um problema grave de saúde pública e é isso que os nossos governantes têm de perceber."
Estima-se que 40% dos casos de sida em Portugal afectem indivíduos com mais de 50 anos, existindo uma tendência crescente que se vem avolumando desde 1998. Só em 2003 houve mais casos notificados em pessoas com mais de 65 anos heterossexuais do que entre 1983 e 1993.
A revelação foi feita por Ana Campos Reis, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa - que participou ontem, em Évora, num simpósio sobre a sexualidade na terceira idade -, tendo sido fundamentada com a experiência desta especialista, que trabalha actualmente com 3000 infectados com HIV, sendo que cerca de 1200 se situam entre os 50 e os 87 anos.
A mesma responsável lamentou que Portugal não esteja a saber lidar com esta situação, garantindo que têm faltado respostas do serviço de saúde, dos lares e da própria escola, indo ao ponto de alertar que não vale a pena trazer muitos dados estatísticos à liça por estar convicta de que os casos de sida notificados em Portugal (entre 28 a 30 mil) estão "muito abaixo" do valor real. Por isso, diz, "será necessário multiplicar por dez" para se conseguir chegar mais próximo da realidade nacional.
Ana Campos Reis acha que o país procura "esconder a doença", dando como exemplos casos dos próprios médicos que, para protegerem os seus pacientes, não os notificam. É a forma de evitarem a sua marginalização social, não faltando exemplos de idosos a quem só é diagnosticado o vírus HIV quando algumas patologias, como a tuberculose, não cedem aos medicamentos. Verifica-se depois que a contaminação remonta há 15 ou mesmo 20 anos."
O problema é que quando um idoso surge num lar com sida tentam que ele saia, pelo que enquanto houver pessoas estigmatizadas pelo HIV há médicos que se calam e nunca teremos dados nem frontalidade para tratar a doença. Temos que mudar de mentalidade, porque se um pediatra disser que um menino está infectado com sida, esse menino também não entra na escola", disse, recordando como há uns anos Portugal só tinha notificados os casos que existiam no Hospital de Santa Maria, como se eles fossem toda a realidade nacional. Mais recentemente, na Madeira, a notificação não passava de cinco ou seis casos, apesar de num congresso uma médica ter dito que tinha cem infectados na sua consulta.
Para minimizar este flagelo, Ana Campos Reis sugere que sejam dados passos em matéria de Educação Sexual, adjectivando-a de "tão importante" como o Português ou a Matemática. "É um problema grave de saúde pública e é isso que os nossos governantes têm de perceber."