sexta-feira, maio 05, 2006

Associação de Genéricos quer apoiar países de língua portuguesa

Lusa 21.04.06

A Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos (APOGEN) comprometeu-se hoje a apoiar a introdução em Portugal dos genéricos produzidos nos países de língua portuguesa, ao mesmo tempo que pretende implantar-se nesses países.

"Quando Angola, Cabo Verde e Moçambique fabricarem bons medicamentos devemos abrir-nos a esse mercado", defendeu Jorge Ruas da Silva, em declarações à margem do primeiro simpósio Luso-Brasileiro e Africano de Medicamentos Genéricos, que se realizou hoje em Lisboa.

Segundo o Presidente da APOGEN, aquela associação "vai intervir junto das autoridades portuguesas, cabo-verdianas, brasileiras, angolanas e moçambicanas, a solicitar que dêem às empresas idêntico tratamento".

Os responsáveis da área farmacêutica pretendem introduzir em Portugal e na Europa os bons medicamentos brasileiros e levar os medicamentos portugueses de boa qualidade à América do Sul, Brasil, Angola, Cabo Verde e Moçambique.

A acessibilidade da população aos medicamentos é uma preocupação das autoridades de Cabo Verde, Moçambique e Brasil, como foi expresso no encontro de hoje.

Foi exactamente para permitir uma maior acessibilidade aos medicamentos que Cabo Verde adoptou em 1976 a política dos genéricos, afirmou Judith Lima, presidente do Conselho de Administração da INPHARMA, que se dedica à produção nacional de medicamentos.

"Em Cabo Verde, o mercado é totalmente de genéricos (...) o médico é obrigado a prescrever sob o nome genérico e mesmo quando o prescreve com o nome comercial o medicamento vendido na farmácia é um genérico", explicou, sublinhando que isto permitiu baixar em 30 a 40 por cento o preço dos medicamentos.

Também em Moçambique há um mercado de genéricos desde 1977, segundo Renato Ronda, Presidente do Conselho de Administração da MEDIMOC, Medicamentos de Moçambique.
"O primeiro formulário nacional de medicamentos editado em Moçambique já mencionava o medicamento na sua designação comum internacional, ou genérico", salientou, frisando que no sector público (hospitais do Estado) 100 por cento dos medicamentos prescritos são genéricos.
O sector privado (clínicas privadas) prescreve apenas cerca de 10 por cento do total de medicamentos.

"Foi definido pelo Governo que os medicamentos, para entrarem em Moçambique devem ser acessíveis e de boa qualidade, portanto têm que ter um preço bom para que a maioria da população possam adquiri-los", frisou.

A título de exemplo referiu os antiretrovirais, medicamentos para a SIDA, que em Moçambique são todos genéricos, e que o país compra ao melhor preço seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

No Brasil, que ocupa o 10º lugar no mercado de medicamentos do mundo (10 mil milhões de dólares), há actualmente 1.847 registos de medicamentos genéricos, 310 substâncias activas, 91 classes terapêuticas, e 66 laboratórios, segundo Dirceu Raposo Mello, presidente da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

O sistema de saúde é universal - todo o cidadão, brasileiro ou não, em território brasileiro tem direito a atendimento médico gratuito, adiantou.

Apesar disso, o acesso aos medicamentos reflecte a qualidade de vida dos brasileiros: 15 por cento da população (os mais abastados) consome 48 por cento dos medicamentos, 34 por cento consume 36 por cento e 51 por cento (os mais pobres) 16 por cento.

Actualmente em Portugal os genéricos representam 14 por cento do mercado de medicamentos, mas segundo Ruas da Silva esta quota poderá ainda aumentar. Neste contexto lembrou que a produção de genéricos portugueses para o mercado externo aumentou quatro vezes entre 2004 e 2005.
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