sexta-feira, maio 05, 2006

Conferência insiste na importância dos microbicidas

Lusa 27.04.06

Especialistas e activistas reunidos durante quatro dias na Cidade do Cabo defenderam a necessidade de desenvolver um microbicida de aplicação local para reforçar a prevenção contra o HIV/SIDA.

No último dia da conferência "Microbicidas 2006, uma epidemiologista insistiu na necessidade de ser aperfeiçoado um microbicida eficaz contra o HIV, mas alertou que um tal produto deve ser comercializado de forma atractiva para mulheres e homens para que não tenha a mesma carga de preconceitos associados aos preservativos.

Sarah Whitehead recorreu a vários estudos - conduzidos nomeadamente na Tailândia e na África do Sul - para defender que os microbicidas não deverão ser rotulados como "preventores de doenças", mas sim como lubrificantes do acto sexual, estimuladores sexuais ou contraceptivos para que se tornem mais atractivos para os utilizadores.

Em discussão esteve também o nível de partilha entre homens e mulheres na utilização de um tal mecanismo de prevenção.

Usando um teste clínico efectuado na Tailândia com um microbicida em forma de gel, aquela especialista salientou que metade dos homens envolvidos no estudo declararam que o gel provocou um aumento do prazer sexual e que 41 por cento deles auxiliaram as suas parceiras na colocação do gel antes do acto sexual.

Definido como "um importante auxiliar na luta contra o HIV/SIDA", particularmente porque dá às mulheres a capacidade de se protegerem mesmo em situações e ambientes culturais adversos, o microbicida em gel foi defendido pela conferência e o seu pleno desenvolvimento e comercialização incentivados.

Apesar dos benefícios óbvios e dos testes clínicos já realizados e em curso, a conferência concluiu que a colocação no mercado de um produto deste género não deverá ocorrer antes de 2010.

"Tendo em consideração que demorámos 25 anos a encarar a luta contra a SIDA de uma forma séria, 2008 (ano em que se esperam os resultados dos primeiros testes conclusivos do microbicida) não me parece muito distante", desabafou Gita Ramjee, do Conselho Sul-Africano de Pesquisa Médica e co-presidente da Conferência.

"Precisamos de um microbicida já", exortou Graça Machel, mulher do ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, na abertura da conferência, no domingo passado, perante uma salva de palmas dos cerca de mil delegados presentes.

Lembrando que em África 76 por cento dos seropositivos no grupo etário dos 15 aos 24 anos são mulheres, Graça Machel salientou a necessidade de o mundo aumentar o financiamento na pesquisa de um microbicida eficaz contra as células portadoras de HIV para os 280 milhões de dólares/ano de forma a tornar este projecto uma realidade acessível às mulheres.

Será preciso investir esta soma nos próximos cinco anos e convencer as multinacionais farmacêuticas de que quaisquer riscos que corram neste projecto poderão ser cobertos por vendas nos países em desenvolvimento, onde o produto é uma necessidade premente, disse Machel.

Segundo esta activista, um microbicida com um grau de eficiência de apenas 06 por cento poderá ajudar a prevenir 3,7 milhões de novas infecções em três anos se for utilizado por mulheres incapazes de exigir aos seus parceiros sexuais a utilização de preservativos, concluiu Graça Machel na abertura da conferência.

Comments: Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Enter your email address below to subscribe to Blog do GAT!


powered by Bloglet