sexta-feira, janeiro 20, 2006

IDT acredita ser possível planear criação de "salas de chuto"

Lusa 20.01.06

O presidente do Instituto das Drogas e da Toxicodependência (IDT) garantiu hoje que há abertura por parte do Governo para criar "salas de chuto", considerando ser possível programar a sua execução ainda este ano.

"Tenho a expectativa que ao longo deste ano possamos calendarizar este tipo de medida (criação das `salas de chuto`)", afirmou João Goulão, no âmbito de um seminário subordinado ao tema "Bioética e comportamentos aditivos: As salas de injecção assistida", a decorrer hoje na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Na sua opinião, as salas de injecção assistida devem começar por ser implementadas enquanto experiência-piloto em Lisboa e no Porto, grandes cidades "sedes dos grandes problemas ao nível da desinserção e da degradação da população toxicodependente".

João Goulão entende as salas de injecção assistida como "uma porta de entrada para um sistema de tratamento", afirmando que a criação das mesmas deve ser sempre entendida no âmbito da redução de danos.

Considerando a sua criação "útil", o responsável acrescentou que a sua concretização apenas depende da vontade política do Governo.

"Há enquadramento legislativo que permite a sua criação, apenas falta o pontapé de saída que será desencadeado na sequência de uma manifestação clara de vontade política", disse.

O presidente do IDT justificou a abertura do Governo relativamente a esta matéria com o facto da criação de "salas de chuto" estar consagrada no plano nacional contra a droga e toxicodependência, que se encontra em fase final de aprovação.

"Há abertura do Governo, desde logo ao assumir o plano e assumir também que os caminhos apontados na estratégia de 1999 se mantêm actuais", sustentou João Goulão.

Contudo, o responsável salientou que a criação de salas de injecção assistida dependem muito dos meios financeiros disponíveis e dos diagnósticos territoriais.

Para o presidente do IDT, terá que existir um diagnóstico "tão consensualizado quanto possível" relativamente à criação destes dispositivos.

João Goulão entende que as entidades que operam no terreno - autarquias, organismos da administração pública e organizações não-governamentais, além do próprio IDT - terão que se pronunciar sobre o assunto e apontar quais as prioridades para o combate à droga.

Quanto aos meios financeiros disponíveis, se apenas for permitido criar mais um centro de atendimento a toxicodependentes em alternativa a uma sala de consumo assistido, João Goulão admitiu escolher a primeira opção.

A sala de injecção assistida "só faz sentido integrada numa rede alargada de dispositivos de redução de danos", frisou.

Quanto à instalação destes dispositivos nos estabelecimentos prisionais, João Goulão afirmou crer que há condições para que durante este ano também haja uma decisão a este nível.


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