quarta-feira, maio 04, 2005
Há quem valorize preconceitos em detrimento de factos e da defesa da saúde pública
(...)
Este relatório, que foi em parte custeado pelo ministério da Saúde, vai ter consequências práticas?
Cremos que o ministério da Saúde apoia a ideia da troca de seringas nas prisões, mas o ministério responsável pelo sistema prisional está a "estudar o assunto". Quanto a consequências do relatório, que creio ser o mais exaustivo até agora produzido sobre a matéria, desde já vai ser traduzido para várias línguas, como o russo, por exemplo. Há algumas prisões na Rússia onde se está a fazer troca de seringas... E na Polónia e a Ucrânia estão a avançar para isso também. Mas o país que mais surpreende nesta matéria é o Irão, onde já foram escolhidas duas prisões para um programa piloto. Tenho falado com o director dos serviços médicos prisionais iranianos e tenho de dizer que o acho muito aberto, sobretudo tendo em conta que se trata de um país não democrático, uma teocracia. Mas escolheram uma resposta pragmática e eficaz, privilegiando factos em detrimento da ideologia.
Os argumentos contra a troca de seringas nas prisões fundam-se em questões de segurança. Mas os preservativos e os tratamentos de substituição também suscitam resistências... Afinal qual será o problema?
O problema é haver quem valorize preconceitos em detrimento de factos e da defesa da saúde pública. Todos os aspectos negativos de que se tinha medo, como as seringas serem usadas como armas, não ocorreram. Outro argumento é que assim se encoraja o uso de drogas. As experiências mais antigas, a alemã e a suíça, mostram que isso não é verdade. O que é verdade é que não disponibilizar seringas, preservativos e tratamentos de substituição encoraja a disseminação do HIV e do HCV, não só entre os prisioneiros mas na população em geral. O objectivo do sistema prisional é reintegrar as pessoas e zelar pela segurança da sociedade - e assim não está a cumpri-lo. Precisamos de uma liderança pragmática, baseada em factos e não em ideologia. De um governo iluminado pela razão.
Este relatório, que foi em parte custeado pelo ministério da Saúde, vai ter consequências práticas?
Cremos que o ministério da Saúde apoia a ideia da troca de seringas nas prisões, mas o ministério responsável pelo sistema prisional está a "estudar o assunto". Quanto a consequências do relatório, que creio ser o mais exaustivo até agora produzido sobre a matéria, desde já vai ser traduzido para várias línguas, como o russo, por exemplo. Há algumas prisões na Rússia onde se está a fazer troca de seringas... E na Polónia e a Ucrânia estão a avançar para isso também. Mas o país que mais surpreende nesta matéria é o Irão, onde já foram escolhidas duas prisões para um programa piloto. Tenho falado com o director dos serviços médicos prisionais iranianos e tenho de dizer que o acho muito aberto, sobretudo tendo em conta que se trata de um país não democrático, uma teocracia. Mas escolheram uma resposta pragmática e eficaz, privilegiando factos em detrimento da ideologia.
Os argumentos contra a troca de seringas nas prisões fundam-se em questões de segurança. Mas os preservativos e os tratamentos de substituição também suscitam resistências... Afinal qual será o problema?
O problema é haver quem valorize preconceitos em detrimento de factos e da defesa da saúde pública. Todos os aspectos negativos de que se tinha medo, como as seringas serem usadas como armas, não ocorreram. Outro argumento é que assim se encoraja o uso de drogas. As experiências mais antigas, a alemã e a suíça, mostram que isso não é verdade. O que é verdade é que não disponibilizar seringas, preservativos e tratamentos de substituição encoraja a disseminação do HIV e do HCV, não só entre os prisioneiros mas na população em geral. O objectivo do sistema prisional é reintegrar as pessoas e zelar pela segurança da sociedade - e assim não está a cumpri-lo. Precisamos de uma liderança pragmática, baseada em factos e não em ideologia. De um governo iluminado pela razão.