quinta-feira, março 24, 2005

"O doente não pode andar a saltar de um lado para o outro à procura dos medicamentos"

Artur Teles de Araújo é um dos pneumologistas com mais experiência ainda no activo em Portugal. Actualmente preside à Associação Nacional de Tuberculose e Doenças Respiratórias, onde começou a germinar a ideia da criação de um observatório vocacionado para esta área.

O especialista diz que é “fulcral” uma relação mais estreita entre a luta contra a tuberculose e as valências da luta contra a sida e toxicodependência, para que o doente não ande “a saltar de um lado para o outro à procura dos medicamentos aqui ou ali”. Dez anos depois da entrada em vigor do Plano Nacional de Luta Contra a Tuberculose, Teles de Araújo pede mais “organização” e não tem dúvidas ao afirmar que este programa faliu.
(...)
Os últimos dados da OMS revelam que 40 por cento das mortes de doentes com sida se devem à tuberculose. Em 2003, uma resolução do Governo de Durão Barroso que reestruturava a Comissão Nacional de Luta contra a Sida anunciava como prioridade “a interligação com programas contra a tuberculose”. Sente que houve algum avanço neste aspecto desde essa altura?
Houve alguns pequenos avanços, mas penso que têm que haver mais. Há um núcleo de pneumologistas que está integrado na Comissão Nacional de Luta Contra a Sida e que são pessoas que sabem o que estão fazer e com larga experiência. Há alguns avanços, mas caímos sempre no mesmo problema que é o facto de as articulações não serem completamente fluídas. É uma área onde se tem de fazer mais esforço para uma colaboração mais estreita. É fulcral.

Mas continua a ser um quebra-cabeças a interligação entre as valências que na Direcção-Geral de Saúde têm de alguma forma responsabilidades na luta contra a doença?
É sempre. A luta contra a tuberculose, contra a sida e a toxicodependência têm de estar ligadas. Tem de ser fácil. O doente não pode andar a saltar de um lado para o outro à procura dos medicamentos aqui ou ali. A resposta tem de estar integrada e esse é um trabalho que tem ser feito entre nós. Às vezes há dificuldade em quebrar algumas barreiras, aliás falsas barreiras, que existem.

Que barreiras são essas?
São burocráticas e de hábito.

Comments: Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Enter your email address below to subscribe to Blog do GAT!


powered by Bloglet