sexta-feira, fevereiro 04, 2005
Sífilis e VIH – notícias de Glasgow
Boletim Abraço Jan/Fev 2005
O tratamento da sífilis nas pessoas seropositivas para o VIH pode revelar-se mais difícil devido a complicações do foro neurológico, segundo duas comunicações apresentadas na última conferência sobre tratamento da infecção pelo VIH, que decorreu em Glasgow, em Novembro passado.
A Drª Fiona Mulcahy, do Hospital St James, relembrou o surto de sífilis ocorrido em Dublin em 2001/2002 e afirmou que este surto foi o maior per capita em comparação com os surtos recentemente ocorridos na Europa e destacou-se pelo facto de 88% dos 256 pacientes diagnosticados estarem infectados por uma estirpe de Treponema pallidum, o agente que provoca a sífilis, denominada Street-14, que apresenta resistência ao antibiótico azitromicina.
Na sua apresentação, a médica enfatizou as diferenças no decurso do aparecimento dos sintomas e na resposta ao tratamento em 44 doentes co-infectados por VIH. Estes doentes apresentaram maior probabilidade de falência ao tratamento padrão, que consiste numa injecção intramuscular de penicilina benzatínica, já que 22% das pessoas seropositivas com infecção primária por sífilis não responderam ao tratamento, em comparação com 5% em doentes negativos para o VIH. Em relação aos casos de sífilis secundária verificou-se a mesma situação, pois 23% dos co-infectados não responderam ao tratamento em comparação com 10% dos casos de infecção apenas por treponema pallidum.
A Drª Mulcahy também afirmou que as pessoas seropositivas que apresentaram complicações neurológicas de sífilis ou neurosífilis mostraram menor probabilidade de eliminar o agente da sífilis. Num sub-estudo, 31% destes doentes com neurosífilis não respondeu ao tratamento com penicilina benzatínica.
A Dra. Agnès Libois, do Hospital Saint-Pierre na Bélgica, afirmou ser difícil o diagnóstico de infecção do Sistema Nervoso Central (SNC). O único diagnóstico fiável baseia-se na realização de uma punção lombar e muitos doentes recusam este procedimento invasivo. Tais factos deixam os médicos num dilema. A penincilina benzatínica intramuscular não é suficiente no tratamento da sífilis do SNC em muitos dos casos. Contudo, o tratamento alternativo – penicilina procaínica intravenosa – seria um tratamento excessivo inapropriado se praticado universalmente.
Um estudo realizado no Hospital Saint-Pierre, envolvendo 112 pessoas seropositivas para o VIH revelou existir infecção do SNC em 23,2% dos doentes, 11 dos quais (1 em cada 10 pessoas do grupo) manifestavam sintomas neurológicos. De entre estes, 5 não apresentavam quaisquer lesões cutâneas indicativas de sífilis. Os doentes de Bruxelas eram predominantemente homens homossexuais (82%). No entanto, 10% eram mulheres e 5 destas possuiam infecção do SNC.
O tratamento da sífilis nas pessoas seropositivas para o VIH pode revelar-se mais difícil devido a complicações do foro neurológico, segundo duas comunicações apresentadas na última conferência sobre tratamento da infecção pelo VIH, que decorreu em Glasgow, em Novembro passado.
A Drª Fiona Mulcahy, do Hospital St James, relembrou o surto de sífilis ocorrido em Dublin em 2001/2002 e afirmou que este surto foi o maior per capita em comparação com os surtos recentemente ocorridos na Europa e destacou-se pelo facto de 88% dos 256 pacientes diagnosticados estarem infectados por uma estirpe de Treponema pallidum, o agente que provoca a sífilis, denominada Street-14, que apresenta resistência ao antibiótico azitromicina.
Na sua apresentação, a médica enfatizou as diferenças no decurso do aparecimento dos sintomas e na resposta ao tratamento em 44 doentes co-infectados por VIH. Estes doentes apresentaram maior probabilidade de falência ao tratamento padrão, que consiste numa injecção intramuscular de penicilina benzatínica, já que 22% das pessoas seropositivas com infecção primária por sífilis não responderam ao tratamento, em comparação com 5% em doentes negativos para o VIH. Em relação aos casos de sífilis secundária verificou-se a mesma situação, pois 23% dos co-infectados não responderam ao tratamento em comparação com 10% dos casos de infecção apenas por treponema pallidum.
A Drª Mulcahy também afirmou que as pessoas seropositivas que apresentaram complicações neurológicas de sífilis ou neurosífilis mostraram menor probabilidade de eliminar o agente da sífilis. Num sub-estudo, 31% destes doentes com neurosífilis não respondeu ao tratamento com penicilina benzatínica.
A Dra. Agnès Libois, do Hospital Saint-Pierre na Bélgica, afirmou ser difícil o diagnóstico de infecção do Sistema Nervoso Central (SNC). O único diagnóstico fiável baseia-se na realização de uma punção lombar e muitos doentes recusam este procedimento invasivo. Tais factos deixam os médicos num dilema. A penincilina benzatínica intramuscular não é suficiente no tratamento da sífilis do SNC em muitos dos casos. Contudo, o tratamento alternativo – penicilina procaínica intravenosa – seria um tratamento excessivo inapropriado se praticado universalmente.
Um estudo realizado no Hospital Saint-Pierre, envolvendo 112 pessoas seropositivas para o VIH revelou existir infecção do SNC em 23,2% dos doentes, 11 dos quais (1 em cada 10 pessoas do grupo) manifestavam sintomas neurológicos. De entre estes, 5 não apresentavam quaisquer lesões cutâneas indicativas de sífilis. Os doentes de Bruxelas eram predominantemente homens homossexuais (82%). No entanto, 10% eram mulheres e 5 destas possuiam infecção do SNC.