quarta-feira, março 29, 2006

Laboratórios pouco transparentes segundo a DECO

Já sabemos há muito que os laboratórios não estão nada interessados em fazer os estudos de fase IV para avaliar os efeitos segundários em larga escala. Quando os fazem é para motivos de marketing.

Lusa 27.03.06

Um estudo da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) concluiu que a maioria dos laboratórios é pouco transparente e usa o patrocínio a grupos de doentes e médicos, bem como campanhas sobre doenças, para promover medicamentos.

De acordo com um estudo publicado na edição de Abril/Maio da revista "Teste Saúde", a maioria das empresas farmacêuticas "peca por falta de transparência".

O objectivo do estudo foi "verificar a política das empresas farmacêuticas em matéria de responsabilidade social", tendo sido investigadas 14 das empresas mais importantes a trabalhar nesta área em Portugal.

Segundo o artigo da revista, "as políticas de responsabilidade social [ preocupações sociais e ambientais por parte das empresas nas suas operações e na sua interacção com outras partes interessadas] das empresas farmacêuticas estão ainda pouco desenvolvidas". O estudo revela que "a maioria das empresas estudadas pelas associações de consumidores europeias peca por falta de transparência".

Estas empresas, prossegue a DECO, "usa o patrocínio a grupos de pacientes e médicos e campanhas de informação sobre doenças como forma de promover os seus medicamentos".
A associação constatou ainda que "as autoridades responsáveis, nomeadamente a Agência Europeia do Medicamento, são muito permissivas em relação a estas empresas".

Um dos exemplos indicados na revista refere-se aos efeitos indesejáveis dos medicamentos: "Antes de colocar o medicamento à venda, a indústria avalia a sua eficácia e efeitos secundários através de testes em animais de laboratório (primeiro) e, depois, no Homem". A venda dos medicamentos "só será permitida se houver provas de que os ganhos para o doente são superiores aos riscos". Contudo, "estes estudos não permitem identificar todos os efeitos secundários", pois "alguns só surgem quando o medicamento é utilizado em larga escala, por milhares de pessoas".

Apesar de existir um organismo público responsável por essa farmacovigilância - o Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed) - a DECO realça que "a informação catalogada não está acessível ao público", o mesmo acontecendo com a Eudravigilance, a base de dados europeia que reúne os efeitos secundários.

"A Agência Europeia do Medicamento, que controla os medicamentos na União Europeia, também não tem demonstrado muita actividade nesta área", lê-se na revista. A DECO considera "indispensável" uma "melhor avaliação dos medicamentos ", antes de ser autorizada a sua venda".

"As firmas deveriam ser obrigadas a divulgar os resultados de todos os estudos sobre os fármacos", lê-se no artigo.

Comments:
Li o artigo, referenciei-o mas escusei-me de o comentar no meu blog.
É realmente preocupante... A transparencia, que se impõe a todos os sectores, é absolutamente imprescindivel no farmaceutico e choca que seja tão escassa quanto a DECO nos dá conta.
 
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