segunda-feira, dezembro 26, 2005

Sampaio aceita salas de chuto



CM 22.12.05

O Presidente da República, Jorge Sampaio, revelou ontem abertura para a discussão da possibilidade de Portugal vir a instalar salas de injecção assistida, destinadas ao consumo de drogas.

As declarações de Jorge Sampaio foram feitas após um encontro com o director do Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência, Wolfgang Goetz, e antes de uma visita ao Bairro Quinta da Serra, Prior Velho, no concelho de Loures, um local problemático durante anos.

“Há algumas experiências-piloto [com as salas de injecção assistida] em vários países europeus. O debate deve estar sempre presente e os governos devem discutir essa situação”, declarou o Presidente da República aos jornalistas.

Quem também se mostra defensor desta medida é o presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), João Goulão. “Há zonas de consumo de altíssimo risco, para o toxicodependente e para os que lhe estão próximos, em que não têm um mínimo de condições ou dignidade.”

Este responsável reconhece que as salas de injecção assistida são “uma medida polémica” que não foi implementada em Portugal, apesar do ordenamento jurídico,por falta de empenhamento político”. João Goulão sublinha ainda que as salas de chuto são um ponto de encontro com profissionais de saúde em que o pressuposto da redução de risco não fica apenas pela troca de seringas. “Passa também pela possibilidade de reabilitação do toxicodependente.”

O Chefe de Estado considerou ainda que existem, nos dias de hoje, novos desafios no combate à droga, como o alargamento da União Europeia, que representa novas fronteiras.

Após uma visita-relâmpago ao Bairro Quinta da Serra, no Prior Velho, Jorge Sampaio ouviu da representante da associação de moradores, Floresbela Pinto, 26 anos, que hoje não há problemas de droga no bairro. E justifica: “Os que se dedicavam ao tráfico foram apanhados pela polícia, estão presos, enquanto a maior parte dos consumidores já morreu.”

NUM MINUTO

SEM CONDIÇÕES
Actualmente vivem cerca de 1300 pessoas (300 famílias) no Bairro da Quinta da Serra, composto por barracas. Os principais problemas que afectam esta população são a falta de condições de habitabilidade, saneamento básico e ainda o desemprego, que afecta sobretudo os jovens, pouco escolarizados. Aliás, a falta de trabalho tem impulsionado a emigração para países europeus.

MÉDICOS DO MUNDO
A Associação Médicos do Mundo instalou-se no Bairro da Quinta da Serra há três anos, numa carrinha móvel. Hoje já têm instalações, onde desenvolvem trabalho na área da prevenção da toxicodependência, da sida e das doenças sexualmente transmissíveis.

APELO
Prestes a terminar o seu mandato, Jorge Sampaio apelou ao envolvimento de todos os parceiros sociais (autarquias, instituições, associações, voluntários, comunidade) no trabalho de prevenção da droga.

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