sexta-feira, dezembro 02, 2005
Saúde e sida longe do imigrante
DN 02.12.05
No bairro da Quinta da Serra, no Prior Velho, em Loures, a incidência de HIV/sida não é particularmente "preocupante" - segundo a associação Médicos do Mundo - mas nem por isso a receptividade à acção de rastreio da doença feita ontem por uma Unidade Móvel da Comissão de Luta contra a Sida foi escassa. Pelo contrário.
Pequenos grupos de homens e mulheres juntam-se perto da carrinha. Olham e comentam. Isaura conta que já fez o teste "lá no Cacém". Também foi numa campanha e ela aproveitou. "Toda gente devia fazer, especialmente os miúdos. Além disso, as pessoas já aceitam melhor o preservativo".
O Dia Mundial de Luta Contra a Sida foi ontem assinalado com diversas iniciativas e uma delas levou o ministro da Saúde áquele núcleo habitacional degradado às portas de Lisboa. Correia de Campos conheceu o trabalho desenvolvido no terreno pela associação Médicos do Mundo na área da prevenção do HIV/sida.
"O que o Ministério da Saúde e o Governo têm para vos oferecer é a aproximação dos serviços públicos às populações e, exemplo disso, é a presença da Unidade Móvel hoje, aqui", sublinhou o governante reconhecendo que "as comunidades imigrantes enfrentam maiores dificuldades em contactar com o sistema de saúde", por razões que tanto têm que ver com a periferia destes bairros, como com as dificuldades de integração. Correia de Campos prometeu multiplicar o número destas unidades (três actualmente) que já trabalham em Lisboa, Porto e Algarve com o objectivo de chegar a um maior número de pessoas.
Perto da rua principal do bairro a carrinha do CAD espera pelos utentes. O atendimento é gratuito, anónimo e confidencial. O teste rápido, que permite a detecção de anti-corpos ao HIV é feita através de uma picada no dedo. No caso de o resultado ser reactivo, é realizada uma segunda colheita para confirmação. Perante um resultado positivo, o utente é encaminhado para os serviços de saúde (hospitais com consulta da especialidade) munido de uma "via verde", sem ter de passar por centros de saúde, ou outros serviços, conforme explicou uma técnica, ao DN.
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