terça-feira, dezembro 13, 2005
Abstinência sexual como resposta à sida "é irrealista"
Publico 09.12.05
A abstinência sexual, defendida por vários grupos religiosos como a única resposta contra a propagação da sida, foi hoje considerada irrealista pelos participantes na 14ª conferência sobre a sida em África, que decorre em Abuja, na Nigéria.
Para os críticos esta é uma resposta “redutora e perigosa”, que, excluindo a promoção dos preservativos como forma de prevenção da doença, apresenta um perigo real para um continente que comporta dois terços das pessoas infectadas em todo o mundo.
A ex-mulher de Nelson Mandela, Winnie Madikizela-Mandela, surgiu na conferência como uma das defensoras da abstinência sexual. “Começamos por dizer, enquanto mães na África do Sul: existe um remédio para a sida. Esse remédio muito simples chama-se abstinência”, argumentou a activista, suscitando entre os presentes uma mistura de aplausos e palavras de indignação.
Uma jovem do Zimbabwe manifestou a sua decepção pelo facto de Winnie ter assumido essa posição, enquanto uma outra participante, de 30 anos, questionou Mandela sobre se considerava a sua proposta realista, acusando-a de estar “desligada com o que se passa” em África.
A escritora nigeriana e Prémio Nobel da Literatura em 1986, Wole Soyinka, foi outra das vozes que contestou a abstinência sexual como solução para a sida, afirmando que “o sexo faz parte da vida”. “Às vezes, certas pessoas dizem: ‘tratem de se casarem e encontrarão um parceiro para a vida’. Sabemos todos muito bem que esse é um cenário muito raro”, continuou Soyinka na sua intervenção, deixando um apelo à “responsabilidade individual”, que passa pela “capacidade de saber quando é necessário tomar medidas preventivas”.
Pelo lado da defesa da abstinência sexual, alguns dos presentes na conferência empunharam faixas onde se podia ler: “A abstinência é a resposta, não os preservativos”. Vários religiosos manifestaram também a sua posição a favor, a maioria de forma moderada, como Michael Kelly, um jesuíta sedeado na Zâmbia que defendeu a opção por “uma escolha responsável que permita a cada indivíduo adoptar um comportamento o menos arriscado possível”.
À margem da conferência, várias organizações não-governamentais (ONG) divulgaram uma declaração a condenar o programa norte-americano PEPFAR (Plano de Ajuda de Urgência do Presidente para o HIV-Sida), defensor da “abstinência e fidelidade”. Os signatários do documento lamentam que certos países africanos tenham começado a alterar a sua abordagem perante a sida sob influência dessa ideologia sustentada por igrejas evangelistas norte-americanas.
As ONG dão como exemplo o caso do Uganda, onde a abstinência ganhou recentemente adeptos, “em detrimento da promoção universal do preservativo”. As organizações consideram que essa abordagem do problema apenas contribuiu para aumentar a estigmatização sobre as pessoas infectadas em África, que, segundo a Onusida, atinge 25,8 milhões.
A abstinência sexual, defendida por vários grupos religiosos como a única resposta contra a propagação da sida, foi hoje considerada irrealista pelos participantes na 14ª conferência sobre a sida em África, que decorre em Abuja, na Nigéria.
Para os críticos esta é uma resposta “redutora e perigosa”, que, excluindo a promoção dos preservativos como forma de prevenção da doença, apresenta um perigo real para um continente que comporta dois terços das pessoas infectadas em todo o mundo.
A ex-mulher de Nelson Mandela, Winnie Madikizela-Mandela, surgiu na conferência como uma das defensoras da abstinência sexual. “Começamos por dizer, enquanto mães na África do Sul: existe um remédio para a sida. Esse remédio muito simples chama-se abstinência”, argumentou a activista, suscitando entre os presentes uma mistura de aplausos e palavras de indignação.
Uma jovem do Zimbabwe manifestou a sua decepção pelo facto de Winnie ter assumido essa posição, enquanto uma outra participante, de 30 anos, questionou Mandela sobre se considerava a sua proposta realista, acusando-a de estar “desligada com o que se passa” em África.
A escritora nigeriana e Prémio Nobel da Literatura em 1986, Wole Soyinka, foi outra das vozes que contestou a abstinência sexual como solução para a sida, afirmando que “o sexo faz parte da vida”. “Às vezes, certas pessoas dizem: ‘tratem de se casarem e encontrarão um parceiro para a vida’. Sabemos todos muito bem que esse é um cenário muito raro”, continuou Soyinka na sua intervenção, deixando um apelo à “responsabilidade individual”, que passa pela “capacidade de saber quando é necessário tomar medidas preventivas”.
Pelo lado da defesa da abstinência sexual, alguns dos presentes na conferência empunharam faixas onde se podia ler: “A abstinência é a resposta, não os preservativos”. Vários religiosos manifestaram também a sua posição a favor, a maioria de forma moderada, como Michael Kelly, um jesuíta sedeado na Zâmbia que defendeu a opção por “uma escolha responsável que permita a cada indivíduo adoptar um comportamento o menos arriscado possível”.
À margem da conferência, várias organizações não-governamentais (ONG) divulgaram uma declaração a condenar o programa norte-americano PEPFAR (Plano de Ajuda de Urgência do Presidente para o HIV-Sida), defensor da “abstinência e fidelidade”. Os signatários do documento lamentam que certos países africanos tenham começado a alterar a sua abordagem perante a sida sob influência dessa ideologia sustentada por igrejas evangelistas norte-americanas.
As ONG dão como exemplo o caso do Uganda, onde a abstinência ganhou recentemente adeptos, “em detrimento da promoção universal do preservativo”. As organizações consideram que essa abordagem do problema apenas contribuiu para aumentar a estigmatização sobre as pessoas infectadas em África, que, segundo a Onusida, atinge 25,8 milhões.
Comments:
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Continua a ser difícil entender que isto não é uma questão de sim-ou-sopas. As boas experiências alheias não devem ser desvalorizadas só porque não coincidem com a nossa visão (branca, europeia e ocidental) do mundo...
A mim parece-me bem que haja alguém a defender a abstinência sexual porque com certeza servirá para muitas pessoas que não vêm o sexo apenas como forma de prazer, e diga-se de passagem, grande motivo de casos positivos em Portugal e ocidente é devido ao prazer e desresponsabilidade com a vida, própria e dos outros.
Palmas para Winnie Mandela que foi capaz de tomar uma posição controversa como se vê, mas funcional para muitos.
Assim como é funcional as terapias naturais para muitos e procurar regras e moral unica para o HIV SIDA é uma luta perdida. A regra é apenas uma e a luta é apenas uma para mim: todos são pessoas e todos têm direito á saúde e á sua escolha em como a obter, isso inclui a abstinencia sexual que até resulta e não deve ser por acaso.
Sempre foi esse o problema do ocidente e sempre pôs o prazer em 1º lugar em vez da saúde. Em África é dificil ter saúde com a fome existente e ainda ficam os europeus e americanos chocados com opiniões destas. Eles querem é vender sexo e preservativos e doença e medicamentos na minha opinião. A prova?
A FOME CONTINUA.
Denis
Palmas para Winnie Mandela que foi capaz de tomar uma posição controversa como se vê, mas funcional para muitos.
Assim como é funcional as terapias naturais para muitos e procurar regras e moral unica para o HIV SIDA é uma luta perdida. A regra é apenas uma e a luta é apenas uma para mim: todos são pessoas e todos têm direito á saúde e á sua escolha em como a obter, isso inclui a abstinencia sexual que até resulta e não deve ser por acaso.
Sempre foi esse o problema do ocidente e sempre pôs o prazer em 1º lugar em vez da saúde. Em África é dificil ter saúde com a fome existente e ainda ficam os europeus e americanos chocados com opiniões destas. Eles querem é vender sexo e preservativos e doença e medicamentos na minha opinião. A prova?
A FOME CONTINUA.
Denis
A abstinência pode servir para uns mas de certeza que não serve para todos. Que tal as mulheres casadas e fiéis que são a maioria das novas infecções em África hoje em dia?
As terapias naturais só podem ser complimentares, sozinhas não funcionam contra o VIH. Quem afirma o contrário tem que dar provas científicas, se não é criminoso.
E não há problema nenhum em querer sexo só pelo prazer enquanto for com responsabilidade por ambas as partes. Os preservativos funcionam!
Quem faz um filho, fá-lo por gosto...
O vírus não tem moral nem religião.
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As terapias naturais só podem ser complimentares, sozinhas não funcionam contra o VIH. Quem afirma o contrário tem que dar provas científicas, se não é criminoso.
E não há problema nenhum em querer sexo só pelo prazer enquanto for com responsabilidade por ambas as partes. Os preservativos funcionam!
Quem faz um filho, fá-lo por gosto...
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