quarta-feira, novembro 24, 2004
Mulheres são metade dos infectados
Noticia do DN On-line 24.11.04
A sida tem cada vez mais um rosto feminino. O número de mulheres que vivem com HIV/sida cresceu nos últimos dois anos em todo o mundo, da África subsariana -, que continua a ser a zona mais afectada pela epidemia -, aos países europeus. «As mulheres são hoje quase metade dos 37,2 milhões de adultos entre os 15 e os 49 anos que vivem com o HIV», o número mais elevado de sempre, refere o relatório da Onusida divulgado ontem, uma semana antes de se assinalar o dia mundial de combate à doença.
Só na Ásia Oriental, o aumento dos casos femininos de infecção foi de 56% nos últimos dois anos, um valor que ronda os 48% na Europa de Leste e na Ásia Central. Mas o cenário mais dramático continua a localizar-se ao sul do Sara: perto de 60% dos adultos HIV positivos são mulheres, totalizando 13,3 milhões.
Em Portugal, os dados do Instituto Ricardo Jorge, que se referem apenas aos casos notificados, vão no mesmo sentido: o número de mulheres diagnosticadas nos primeiros seis meses deste ano (445) é quase o dobro dos casos registados em igual período de 2003 (279). Além disso, a taxa de prevalência nas grávidas é de 0,49%, o valor mais elevado da Europa.
Por isso, a agência das Nações Unidas para o HIV diz que é necessário criar campanhas específicas destinadas a esta faixa populacional. «É urgente criar estratégias para combater a desigualdade entre sexos se quisermos ter uma hipótese realista de fazer regredir a epidemia», afirmou o director da Onusida, Peter Piot.
Várias são as razões sociais que explicam este aumento do contágio: as mulheres têm menos poder nas relações, estão mais sujeitas a actos de violência sexual e têm menos acesso à educação e à informação. Além disso, anatomicamente são mais vulneráveis ao vírus e têm o dobro da probabilidade de serem infectadas.
«Há algum país do mundo onde as mulheres tenham exactamente os mesmos direitos que os homens?», ironiza Maria José Campos, médica e dirigente da Abraço. Na maioria dos casos «a mulher tem como única forma de protecção o preservativo usado e controlado pelo homem. Não é algo apenas gerido por si, depende de outra pessoa». A médica sublinha ainda: «Acreditaram muito tempo na mensagem de que a fidelidade as protegia, mas a fidelidade não protege.» Os exemplos são comuns e transversais: Há mulheres que sabem que o marido tem relações extra-conjugais, mas não têm capacidade para exigir o uso de protecção. E outras que usam o preservativo como forma de evitar a gravidez e que são infectadas na menopausa, porque deixaram de o usar. Nas gerações mais jovens, a situação não é muito diferente. «Muitos rapazes acham que as raparigas não têm nada que andar com preservativos na carteira», refere. Também as toxicodependentes «são mais penalizadas pela sociedade e, por isso, agem em maior clandestinidade e correm mais riscos», refere a médica.
A sida tem cada vez mais um rosto feminino. O número de mulheres que vivem com HIV/sida cresceu nos últimos dois anos em todo o mundo, da África subsariana -, que continua a ser a zona mais afectada pela epidemia -, aos países europeus. «As mulheres são hoje quase metade dos 37,2 milhões de adultos entre os 15 e os 49 anos que vivem com o HIV», o número mais elevado de sempre, refere o relatório da Onusida divulgado ontem, uma semana antes de se assinalar o dia mundial de combate à doença.
Só na Ásia Oriental, o aumento dos casos femininos de infecção foi de 56% nos últimos dois anos, um valor que ronda os 48% na Europa de Leste e na Ásia Central. Mas o cenário mais dramático continua a localizar-se ao sul do Sara: perto de 60% dos adultos HIV positivos são mulheres, totalizando 13,3 milhões.
Em Portugal, os dados do Instituto Ricardo Jorge, que se referem apenas aos casos notificados, vão no mesmo sentido: o número de mulheres diagnosticadas nos primeiros seis meses deste ano (445) é quase o dobro dos casos registados em igual período de 2003 (279). Além disso, a taxa de prevalência nas grávidas é de 0,49%, o valor mais elevado da Europa.
Por isso, a agência das Nações Unidas para o HIV diz que é necessário criar campanhas específicas destinadas a esta faixa populacional. «É urgente criar estratégias para combater a desigualdade entre sexos se quisermos ter uma hipótese realista de fazer regredir a epidemia», afirmou o director da Onusida, Peter Piot.
Várias são as razões sociais que explicam este aumento do contágio: as mulheres têm menos poder nas relações, estão mais sujeitas a actos de violência sexual e têm menos acesso à educação e à informação. Além disso, anatomicamente são mais vulneráveis ao vírus e têm o dobro da probabilidade de serem infectadas.
«Há algum país do mundo onde as mulheres tenham exactamente os mesmos direitos que os homens?», ironiza Maria José Campos, médica e dirigente da Abraço. Na maioria dos casos «a mulher tem como única forma de protecção o preservativo usado e controlado pelo homem. Não é algo apenas gerido por si, depende de outra pessoa». A médica sublinha ainda: «Acreditaram muito tempo na mensagem de que a fidelidade as protegia, mas a fidelidade não protege.» Os exemplos são comuns e transversais: Há mulheres que sabem que o marido tem relações extra-conjugais, mas não têm capacidade para exigir o uso de protecção. E outras que usam o preservativo como forma de evitar a gravidez e que são infectadas na menopausa, porque deixaram de o usar. Nas gerações mais jovens, a situação não é muito diferente. «Muitos rapazes acham que as raparigas não têm nada que andar com preservativos na carteira», refere. Também as toxicodependentes «são mais penalizadas pela sociedade e, por isso, agem em maior clandestinidade e correm mais riscos», refere a médica.