sábado, fevereiro 05, 2005

Hospital Amadora-Sintra fecha serviço de infecciologia


"Aristóteles contemplando o busto de Hipócrates" - Rembrandt van Rijn, c.1650

Quem é que tem culpa pelo tratamento escandaloso das pessoas seropositivas neste hospital?
1. O governo que decidiu privatizar o hospital, deixando as leis do mercado (evitar custos com patologias caras) sobreporem-se ao serviço público?
2. A administração do hospital que decidiu, friamente, desinvestir nos recursos humanos deste serviço e que não tem nenhuma vergonha em passar a batata quente (neste caso, os doentes) para outros hospitais?
3. Ou os dois médicos do serviço que decidem, dum dia para outro, entrar em greve técnica e utilizar os seus doentes como reféns?
Hipócrates, ajudai-nos!

Expresso 05.02.05

Administração de Saúde considera a situação irregular

O Hospital Amadora-Sintra, o único hospital público gerido por uma entidade privada, não vai atender novos doentes no Serviço de Infecciologia a partir de segunda-feira.

O facto de, desde o princípio de Fevereiro, estarem a trabalhar apenas dois médicos neste serviço - quando deviam ser, pelo menos, cinco - levou os clínicos a considerar não terem condições para continuar a funcionar normalmente. Nesse medida, novos doentes (por exemplo, com sida), deixarão de ser atendidos, devendo mesmo encerrar grande parte das consultas externas.

De acordo com um documento enviado à administração do hospital por um dos dois clínicos do serviço, «cerca de 500 doentes ficam sem médico assistente», os quais serão «seriamente prejudicados».

Contactada pelo EXPRESSO, a administração do Amadora-Sintra reconheceu a existência do problema, tendo explicado que «a direcção clínica está a tentar resolver a situação, pedindo apoio a serviços de outros hospitais». A ideia é conseguir que os novos doentes, assim como aqueles que não consigam ser atendidos, sejam encaminhados para outros hospitais. «O Santa Maria e o Egas Moniz já se mostraram receptivos a isso», diz Lopes Martins, da administração do hospital.

Mas a Administração Regional de Saúde de Lisboa, informada ontem da situação, pediu «imediatamente explicações» ao hospital, porque «nenhum serviço público pode deixar de receber doentes». De acordo com fonte oficial da instituição, o Amadora-Sintra «não pode voltar a alegar falta de recursos humanos para reduzir a sua capacidade assistencial» - como aconteceu em Dezembro com o fecho da urgência da maternidade por falta de médicos. Essa situação poderá dar origem a «um novo processo, por incumprimento do contrato», disse a mesma fonte.

Quanto à solução preconizada pelo hospital, a Administração de Saúde entende ser de execução difícil, uma vez que «todos os hospitais de Lisboa estão sobrelotados, inclusive as camas para doentes infecto-contagiosos», por causa, por exemplo, do aumento das pneumonias.

Comments:
Nuno, estamos aqui para fazer valer os nossos direitos constitucionais enquantos cidadãos e enquanto pessoas seropositivas.
 
Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Enter your email address below to subscribe to Blog do GAT!


powered by Bloglet